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FORMAÇÃO DO FORMADOR

Este espaço se destina ao estudo, problematização e elaboração dos Formadores do Programa de Formação Continuada de Professores - ECOAR (Elaborando Conhecimento para Aprender a Reconstruí-lo)

10 de fevereiro de 2009

FOTOS LANÇAMENTO CURSO

LANÇAMENTO DO CURSO FORMAÇÃO DO FORMADOR (FOTOS)
Postado por Cilene às 05:53 Nenhum comentário:
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Alameda Dona Maria Leopoldina, 167 Bairro Nazaré, Belém - Pará
Fone: 3224-0353 ecoarsemec@gmail.com

QUESTÃO

Caro Formador, estamos na reta final de nosso curso, um percursso de reflexões e elaborações sobre a formação continuada de professores, neste texto tratamos de avaliação, como você avalia o seu trabalho como os professores? Que critérios você utiliza na perspectiva de fugir do "adorei o trabalho", "você é simpática"? Você registra tudo isso? Como problematiza as lacunas e as aprendizagens com os professores do seu grupo de formação? 26/08 a 02/09






O texto de estudo desta semana, aborda a análise do trabalho de formação. Enfatiza a necessidade de estratégias que guardem similaridade com a didática da sala de aula no trabalho com os professores. Você formador concorda com essa afirmação? Por que? Como você cuida dessa questão nos encontros de formação do projeto expertise? Como você observa os resultados desta estratégia? Compartilhe sua experiência. 17 a 22/08/2009




O estudo de sequências didáticas nos encontros de formação é um bom modelo de como usar bem o tempo da aula, mas é sobretudo uma oportunidade de estudo e análise de como planejar a aula. Como esse estudo tem sido desenvolvido?As sequências didáticas apontam para um estilo produção de conhecimento? As sequências tem sido adequadas as necessidades dos professores? Como isso tem sido trabalhado com os professores nos encontros de formação? Partilhe sua experiência. 10 a 15/08/2009



Com base em sua experiência nas ações da Expertise, reflita sobre a Simulação, como estratégia de formação docente, e a Sistematização, como estratégia de formação do formador. Publique no blog suas considerações. 22 a 27/06/2009.


Nos encontros de formação da expertise, neste primeiro semestre de 2009, houve muitas situações que colocaram em evidência as práticas docentes alfabetizadoras. Com base no estudo do texto: valorização e uso de conhecimentos e experiências do grupo, comente uma experiência relatada nos encontros que você, enquanto formador, considerou como um bom procedimento metodológico. 08 a 13/06/2009.

A discussão está aberta, incluam seus comentários: Devemos ou não encaminhar estudo sobre sequência de aula no projeto expertise? Se encaminharmos qual será o melhor encaminhamento? O que não devemos fazer? Como problematizar essa prática com o professor? Incluam aqui posicionamentos, opiniões, sugestões e relatos de experiência com a seqüência didática: Festa Junina. 25 a 29/05/2009.


Discussão, problematização e aula são estratégias de formação. Elas estão pautadas na linguagem, seja oral ou escrita. A questão é: o que o formador deve fazer para que as questões tratadas se traduzam em prática (ação) e não se esgotem no dizer/escrever? 18 a 23/05/2009

Caro formador, continuamos refletindo sobre metodologia de formação, que avance na perspectiva de formar professores autonômos. O registro escrito é uma atividade formativa.
Que tipo de registro você utiliza na formação? Inclua em sua resposta as reflexões que este registro lhe proporciona. 11 a 16/05/2009

No encontro mensal de formação sempre temos textos para estudo, qual a melhor estratégia para trabalhá-los? Conte sua experiência. 27 a 08/05/2009


Caro formador vamos ler sobre leitura como estratégia de formação, que bom! Tudo combinando com o nosso momento na formação. Elabore 10 maneiras de tornar fácil o gosto pela leitura no grupo de formação. 20 a 25/04/2009

Nesta semana vamos estudar sobre estratégias metodológicas de formação, sendo assim exemplifique com sua prática qual ou quais estratégias são mais eficazes para o desenvolvimento de competências profissionais nos professores. 13 a 18/04/2009


Escolha um aspecto que você considerou relevante sobre competências do formador e ilustre contando uma lição aprendida no decorrer do Projeto Expertise. 30/03 a 03/04/2009


Nesta semana continuamos dialogando sobre competências profissionais, sendo assim, dê exemplo de situações: Como estabelecer vínculo real com os educadores? Como os mobilizar para a aprendizagem? 24 a 28/03/2009


Dentre as competências profissionais necessárias à condição de formador, tratadas no texto, quais são as que você acha que possui e em que aspectos você reconhece que precisa avançar? 16 a 21/03/2009

Correspondência escrita, por carta ou E-mail, registros e relatórios de estudo são boas estratégias para levar o professor a refletir sobre sua prática, porque com a comunicação as práticas se tornam visíveis. Comente sobre as estratégias, que incluem reflexão por escrito, utilizadas por você na formação dos professores alfabetizadores. 9 a 14/03/2009


Construindo competências de formador é o título do capítulo que ora estudamos. Busque, no texto, aspectos relevantes sobre sua atuação de formador. Comente no blog suas reflexões, exemplificando com uma situação que você já vivenciou na Expertise. 2 a 7/03/2009

Estamos na terceira semana do curso, já tratamos sobre a formação continuada que pressupõe orientação no decorrer do processo, por isso difere da inicial, que é pontual, por incluir momentos em que os professores dispõem de interlocutores experientes para compartilhar suas angústias, dificuldades e incertezas. Nós, formadores do ECOAR, somos esse interlocutor, no diálogo estabelecido com os professores alfabetizadores, no Projeto Expertise, focalizamos o saber fazer, para além de estudos teóricos, esperamos uma resposta efetiva do professor na sala de aula, isso envolve conceitos, procedimentos e atitudes. Ampliando essa discussão, busque no texto pelo menos uma metodologia de formação e responda às seguintes questões: Quais são as competências que se espera dos professores na Expertise? Como desenvolvê-las? 16 a 21/02/2009


Inicialmente gostaríamos de parabenizar a todos formadores do GB que já deram início ao curso de formação. Estudar mediado por um Blog pressupõe uma oportunidade de
aprender a usar a tecnologia, lidar com desenvoltura depende do risco. Ousar é difícil, percebemos o enfrentamento das dificuldades de alguns, afinal, aprender não é apenas prazer, mas dor, implica em perdas, ganhos, dúvidas, incompletudes, questionamentos, realizações. Assim, vamos desenvolvendo novas competências profissionais. Sobre elas que iremos refletir nesta semana. O que é formação continuada? Como contribuir para que os professores municipais de Belém desenvolvam competências profissionais como alfabetizadores? Estude o texto disponível, reflita e poste sua resposta. 09 a 14/02/2009

A problemática da formação dos professores alfabetizadores nas escolas municipais de Belém. 02/02 a 07/02/09

TEXTO LITERÁRIO

Festança na floresta
Clarice Lispector*

Estamos no mês de junho, as fogueiras de São João se cendem, balões sobem, já há friozinho e aconchego. Dá para comer batata-doce à meia-noite com café tinindo de quente.
Mas me disseram que a festa não é só nossa. Pois não é que ia haver uma festa da bicharada na selva? E calculei que isso acontecesse no mês de nossos próprios folguedos. Pelo
menos é o que garantem os índios da tribo Tembé.
Foi assim: os animais das matas até que estavam ocupados e calmos em relação a seus deveres, pois o dever do animal é existir. Mas eis senão quando surgiu no ar um boato que
logo se espalhou alvissareiro num diz-que-diz assanhado. Vinha esse boato trazido pelo canto do sabiá. Como o sabiá, a quanto se sabe, canta pelo mero prazer de cantar, ficaram os bichos em dúvida sobre se era ou não verdade.
E – de repente – começou a chover convite para a tal festança. Quem convidava não dizia quem era, mas todos desconfiaram que a idéia vinha da rainha das selvas brasileiras, a onça, mandachuva que era. Todos os bichos foram convidados, garantindo-se que na ocasião seria abolida a ferocidade. Até a mãe-coruja, que de tão séria e sábia até óculos usava, foi
convidada com seus filhotes.
Quanto às filhas do macaco, doidas para namorar e enfim casar, enfeitaram-se tanto e com tantas bugigangas que pareciam umas – é isso mesmo, pareciam umas verdadeiras macacas.
E quem pensa que a cobra faltou por ser tão nojenta está enganado: apareceu fazendo salamaleques com o corpo escorregadio para chamar a atenção.
A noite estava toda iluminada por milhares de vaga-lumes, pela lua silenciosa e pelas estrelas úmidas. Quanto à orquestra, fiquem certos de que era da melhor qualidade: uma turma de tucanos encarregou-se de tocar em valsa os mais belos grunhidos da mata.
A bicharada estava acesa de alegria. O papagaio foi muito aplaudido quando berrou uma canção alegre, e as macacas casadoiras, penduradas pelos rabos nas árvores, estavam certas de que eram grandes bailarinas.
Bem, a coisa estava no máximo de animação. Mas a onça estava inquieta, doida para atacar. E como não fosse permitida nessa noite a carnificina, ela começou a ser feroz com a língua viperina. Então cantou: “Dona Anita é gorda roliça que nem uma porca e tem cor de rato”. A anta danou-se e retirou-se.
A onça, vendo que tinha tido sucesso, cantou uma ofensa horrível contra o jabuti, dizendo que este estava coberto de mosca varejeira. Tanto que o jabuti, ofendido, foi embora. Depois a onça falou: “Vejam que decote indecente o das filhas do macaco”. As macacas ficaram fulas da vida e só não saíram de lá porque a esperança de arranjar noivo é a última que acaba.
Mas acontece que havia entre os animais o deus dos veados. Arapuá-Tupana, que resolveu acabar com a empáfia da onça e para vencê-la pôs-se a cantar. Os bichos, sabendo que quando o ouvissem morreriam, taparam os ouvidos. Arapuá-Tupana afinal foi embora e a bicharada não morreu.
É. Mas os animais haviam perdido o dom da fala, ninguém se compreendia mais. E isso até o dia de hoje. Porque grunhir ou cantar não diz nada. Tudo por causa da onça linguaruda.

Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M2U7T15

A criação e a culpa
Mário Prata


Por que a culpa?
É o que eu tenho perguntado ao meu psicanalista de plantão.
No princípio era o verbo e eu achava que só eu me sentia culpado. Com o passar do tempo (e da verba) fui descobrindo que todo criador tem culpa. Não no cartório. Mas na consciência.
Vou tentar explicar.
Todo mundo acha que a pessoa que vive de criar, ou seja, um criador, não faz porra nenhuma o dia inteiro. Fica só pensando. É verdade. O problema é que ninguém considera o trabalho de pensar como trabalho. Daí a culpa ensimesmada. Será que só pode ser considerado trabalhador o sujeito que fica o dia inteiro numa mesa de escritório, ouvindo pela janela "olha a uva de Atibaia", "melancia barata, melancia barata"?
Você vê uma frase num out-door tipo "isso é que é". São quatro palavrinhas mágicas. O sujeito que inventou isso deve ganhar uma fortuna por mês. O que ninguém entende é que ele trabalha há vinte neste ofício. Pode ser que a frase tenha saído de um estalo. Mas um estalo vinte anos depois. Não precisa ser nenhuma brastemp para se ter uma idéia dessas. Ou precisa? Mas o povo pensa: ganhar essa fortuna para escrever uma bobagem dessas?
Cada vez que lanço um livro, estréio uma peça de teatro ou vou ao cinema ver um filme com roteiro meu, me dá pânico. Fico pensando: o pessoal vai pensar que eu escrevi isso na maior moleza. Que eu sou um vagabundo. E eu, realmente, fico achando que sou? Algumas mulheres trabalhadeiras já me jogaram isso na cara. E tome divã!
As crônicas, por exemplo. Escrevo uma vez por semana no Estadão e ganho mais que muitos coleguinhas que dão duro lá o dia inteiro e ainda fazem, de vez em quando, um plantãozinho de fim de semana. Fico com culpa. Sei que não devia, mas fico.
Para aliviar meu sofrimento, penso no Romário que "trabalha" umas doze horas por mês e ganha 100 mil dólares. Será que ele tem culpa? O Chico Buarque, que fica meses sem trabalhar, jogando futebol, será que ele acorda com culpa, vendo, todo dia, a sua mulher sair cedo e dar um duro danado no cinema, na televisão e ainda, de noite, fazendo um teatrinho?
Vou almoçar no Pé Prafora e quase emendo com o fim do dia. Bebendo cerveja. Mas pensando. Pensando nessas besteiras que vocês estão a ler agora. Depois, no fim do mês, vou receber a grana de um simpático funcionário que deve - com certeza - ganhar menos do que eu para trabalhar ali, o mês inteiro. Fazendo o meu cheque. Não tem jeito de não bater a culpa.
Fico pensando em Deus, que só trabalhou seis dias e tirou o sétimo para descansar. Mentira dele. Descansou o resto da vida. Ou você conhece mais algum trabalho dele nesses anos todos? Deve andar culpadíssimo. Mesmo porque, na hora de enfrentar o batente mesmo e apanhar na cara, mandou o filho. Este sim, trabalhou, deu duro e morreu pobre.
Eu, pelo menos, trabalho. Penso, invento, crio. E esses funcionários fantasmas, que trabalham em várias repartições e nunca comparecem? Será que eles não têm culpa? Será que só eu me sinto culpado neste país?
Uma vez perguntei para o Chico Buarque, que acabava de acordar às duas da tarde, se ele não tinha culpa. "Já tive. Superei". E o Caetano Veloso que nunca acorda antes das quatro (da tarde)?
Conta uma lendas que quando Einstein esteve no Brasil foi recepcionado pelo Austregésilo de Athayde. O imortal andava com um caderninho para ir anotando as idéias para seus livros e ensaios. Perguntou se o genial Eistein não fazia o mesmo. No que ele respondeu: "Não. Só tive uma idéia na vida". E o pior, é que essa idéia tinha só três letrinhas. Aquela famosa língua dele para fora denota um certo sinal de culpa. Deve ter morrido, relativamente, cheio de culpas.
Quanto menos escrevo e mais ganho, vou me sentindo, cada vez mais, subdesenvolvido e comunista. Quando deveria ser o contrário, como afirma o meu psiquiatra. Ele, por exemplo, não sente culpa nenhuma de ficar ouvindo os meus lamentos entre um bocejo e outro. Ou será que tem? Jamais saberei lidar com a culpa dele. Basta a minha.
Isso é que é!

Ei! Tem alguém aí?
Jostein Gaarder*

Ele se inclinou bem para frente, fazendo uma reverência. […] Perguntei:
“Por que você está se inclinando?’”
“Lá de onde eu venho”, explicou ele, “nós sempre fazemos alguma reverência, quando alguém faz uma pergunta fascinante. E quanto mais profunda for a pergunta, mais profundamente a gente se inclina.”
[…] a resposta me impressionou tanto que fiz uma profunda reverência, me inclinando ao máximo.
“Por que você me fez uma reverência?”, perguntou ele, num tom quase ofendido.
“Porque você deu uma resposta superinteligente para minha pergunta”, respondi.
Daí, numa voz bem alta e clara, ele disse algo que eu haveria de lembrar para o resto davida:
“Uma resposta nunca merece uma reverência. Mesmo que for inteligente e correta, nem assim você deve se curvar para ela. […] Quando você se inclina, dá passagem. […] E a gente nunca deve dar passagem para uma resposta. […] A resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você. Só a pergunta pode apontar o caminho para frente”.
Achei que havia tanta sabedoria nas suas palavras, que precisei segurar bem firme meu queixo para não fazer outra reverência.

Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M2U2T3

Isto
Fernando Pessoa*

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
Ou que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M2U2T2

Bar Memória
Carlos Heitor Cony

Era um botequim feio, muito feio mesmo. Três portas esquálidas, paredes encardidas, balcão sórdido com empadas sinistras, d e longe se adivinhavam o mofo, as sombras, o vago cheiro de túmulo. O nome o salvava: Bar Memória. Nome inexplicável: o botequim nem merecia a classificação de bar. E por que memória? Quem nele se lembraria de alguém ou de alguma coisa? Pior: a quem dele se lembraria?
Sua importância era topográfica. Ficava numa terra-de-ninguém da cidade-cidade que cada vez mais se tornou terra de ninguém. Para os Correios e Telégrafos, o Bar Memória ficava no Jardim Botânico. Para os tributos estaduais e municipais, ficava na Gávea. Para a Receita Federal ficava. Policialmente, pertencia à 16ª Delegacia, do Leblon. Para o Corpo de Bombeiros, era o Jóquei. O Tribunal Regional Eleitoral o alistou como reserva democrática do Horto.
Sem sair do lugar, flutuando no chão da cidade, ele existia sem existir, escombro de um fantasma que não pertencia especificamente a nada e a ninguém. O Espaço imponderável, um assassinato ali cometido, com um bom advogado a favor do criminoso, jamais seria punido: faltaria. A localização exata para determinar o local do crime.
Estava sempre vazio, nunca vi luz que aliviasse sua penumbra. À noite, ele continuava fiel à escuridão, duas ou três Lâmpadas empoeiradas não iluminavam as paredes encardidas e tristes. A luz, trêmula e fria, tornava mais pesadas suas sombras.
Pois o Bar Memória foi abaixo, esta semana, Nos jornais, a foto conseguia transmitir sua solidão de bar, sua escuridão de memória. A escavadeira do município rasgou sua carne cansada, estralhaçou seu ventre de trevas. O Bar Memória se desmanchou sem resistência, sem dar um grito.
E como seu chão era imponderável, ele continuará imponderável. Ficará intacto no meio da nova pista que dará acesso à Barra. Não deixará saudade. Não deixará memória, o Bar Memória.

Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M3

A primeira cartilha*
Moacyr Scliar *



Há coisas que a gente não esquece: a primeira namorada, a primeira professora, a primeira cartilha. Minha introdução às letras foi feita através de um livrinho chamado Queres ler? ( assim mesmo, com ponto de interrogação). Era um clássico, embora clássico, embora tivesse alguns problemas, em primeiro lugar, tratava-se de um livro uruguaio, traduzido (o que era, e é um vexame, cartilhas, Pelo menos, deveriam ser nacionais). Em segundo lugar, era uma obra aberta e indiscreta, trazia introduções pormenorizadas sobre a maneira pela qual os professores deveriam usar o livro com os alunos. Quer dizer: era, também, para os professores, uma cartilha, o que, se não chegava a solapar a imagem dos mestres, pelo menos os colocava em relativo pé de igualdade com os alunos (pé de igualdade, não; menos. Pé de página, e em letras bem pequenas). Isto talvez fosse benéfico, porque um estímulo tínhamos par aprender a ler: ansiávamos pra descobrir os segredos dos mestres.
Em terceiro lugar – mais isto era grave -, a cartilha começa com a palavra uva. Com a palavra só, não havia uma ilustração mostrando um grande, suculento, lascivo cacho de uvas (estrangeiras, naturalmente). Era um suplicio olhar aquelas uvas (aliás, à época, uva designava, e não por acaso, uma dona boa). Principalmente para os alunos mais pobres cujo único contato com o fruto da videira era exatamente através daquela figura.
Bem, mas não é isto o que importa. O que importa é que aquele era o nosso primeiro livro, o livro que carregávamos com orgulho em nossa pasta. E o que importa, também é que esse livro, o livro que mais esqueceríamos, tinha um nome provocadoramente amável: ele não ordenava, ele perguntava; ele não só perguntava, ele convidava. E não sei de que outra maneira se possa introduzir uma criança à leitura, se não através de um sedutor convite. Porque ler é que um ato da vontade. Diante da TV se pode ficar passivo, absorvendo imagem e sons. A TV não indaga, ela se impõe. E pode se impor por causa da força de uma tecnologia que é absolutamente totalitária: do universo eletrônico no qual vivemos ninguém escapa.
Ler, não Ler exige esforço, No mundo da leitura só se entra pagando ingresso.
Decodificar as letras transformá-las em imagens é uma arte, como é uma arte tocar um instrumento musical. Mas que entram no mundo da leitura, aqueles que a eles são bem conduzidos, estes encontram nos livros um lar, uma pátria, o território dos sonhos e da emoções.
Queres ler? – pergunto a meu filho, e espero que a resposta dele seja afirmativa. Para que ele possa provar a uva da qual é feito o doce vinho da fantasia arrebatadora.

Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M3

Retrato em branco e preto

Tom Jobim e Chico Buarque*

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar
Lá vou eu, de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Para lhe dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração
* Ed. Musical Arlequim Ltda, 1968.
Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M2U6T3

Não sabia que era preciso
José Saramago*

Ao contrário do que afirmam os ingênuos (todos o somos uma vez por outra), não basta dizer a verdade. De pouco ela servirá ao trato das pessoas se não for crível, e talvez até devesse ser essa a sua primeira qualidade. A verdade é apenas meio caminho, a outra metade chama-se credibilidade. Por isso há mentiras que assam por verdades, e verdades que são tidas por mentiras.
Esta introdução, pelo seu tom de sermão da quaresma, prometeria uma grave e aguda definição de verdades relativamente absolutas e de mentiras bsolutamente relativas. Não é tal. É apenas um modo de me sangrar em saúde, de esquivar acusações, pois, desde já o anuncio, a verdade que hoje trago não é crível. Ora vejamos se isto é história para acreditar.
O caso passa-se num sanatório. Abro um parêntese: o escritor português que escolhesse para tema de um romance a vida de sanatório, talvez não viesse a escrever A montanha mágica ou O pavilhão dos cancerosos, mas deixaria um documento que nos afastaria da interminável ruminação de dois ou três assuntos erótico-sentimentalo-burgueses. Adiante, porém, que esta crônica não é lugar de torneios ou justas literárias. Aqui só se fala de simplezas quotidianas, pequenos acontecimentos, leves fantasias – e hoje, para variar, de verdades que parecem mentiras. (Verdade, por exemplo, é o doente que entrava para o chuveiro, punha a água a correr, e não se lavava. Durante meses e meses não se lavou. E outras verdades igualmente sujas, rasteiras, monótonas, degradantes.)
Mas vamos à história. Lá no sanatório, dizia-me aquele amigo, havia um doente, homem de uns cinqüenta anos, que tinha grande dificuldade em andar. A doença pulmonar de que padecia nada tinha que ver com o sofrimento que lhe arrepanhava a cara toda, nem com os suspiros de dor, nem com os trejeitos do corpo. Um dia até apareceu com duas bengalas toscas, a que se amparava, como um inválido. Mas sempre em ais, em gemidos, a queixar-se dos pés, que aquilo era um martírio, que já não podia agüentar.
O meu amigo deu-lhe o óbvio conselho: mostrasse os pés ao médico, talvez fosse
reumatismo. O outro abanava a cabeça, quase a chorar, cheio de dó de si mesmo, como se pedisse colo. Então o meu amigo, que lá tinha as suas caladas amarguras e com elas vivia, impacientou-se e foi áspero. A atitude deu resultado. Daí a dois dias, o doente dos pés chamou-o e anunciou-lhe que ia mostrá-los ao médico. Mas que antes disso gostaria que o seu bom conselheiro os visse.
E mostrou. As unhas, amarelas, encurvavam-se para baixo, contornavam a cabeça dos dedos e prolongavam-se para dentro, como biqueiras ou dedais córneos. O espetáculo metia nojo, revolvia o estômago. E quando perguntaram a este homem adulto por que não cortava ele as unhas, que o mal era só esse, respondeu: “Não sabia que era preciso”.
As unhas foram cortadas. Cortadas a alicate. Entre elas e cascos de animais a diferença não era grande. No fim de contas (pois não é verdade?), é preciso muito trabalho para manter as diferenças todas, para alargá-las aos poucos, a ver se a gente atinge enfim a humanidade.
Mas de repente acontece uma coisa destas, e vemo-nos diante de um nosso semelhante que não sabe que é preciso defendermo-nos todos os dias da degradação. E neste momento não é em unhas que estou a pensar.

* A bagagem do viajante . São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos M2U6T1



Uma mulher que se abre Marize Castro*

Quando uma mulher se abre o que há de mais solitário se alarga. Espantalhos de dor se mostram e se decompõem. Flocos de agonia se aproximam. Crescem perdas. Voam conchas.
Uma mulher que se abre é uma mulher mergulhada em anáguas e sendas. Saltando sobre a luz. Deram-lhe lanças e um falso espelho para enganar as feridas.
Quebrada, ela conduz corações ao túmulo. Esperando que uma nova morte traga-lhe nova grinalda e novo véu.
Em surdina, uma mulher que se abre deseja o esquecimento e a maternidade. Quer parir, dormir, trepar. Morte à memória!
– O mundo não corrompe quem habita os subterrâneos.
Disse-lhe um livro com o sol no ventre.
O extravio de uma mulher que se abre é um deslumbre. Uma significação doce e mórbida. Possui a beleza e está carregado de hóstias e sepulturas.
Moças e rapazes, caindo em abismos, sustentam essa mulher aberta. Beijam-lhe o útero exposto.
Afogado em seus cabelos, ela se arqueia na esperança que o amor, quando novamente acontecer, não traga algemas.
Uma mulher que se abre é pedra, cratera, rio, relíquia.
Traz na língua o perdão e suas chamas.

* Publicado no Diário de Natal , em 18 de julho de 1999.
Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos.
M2U4T3



Ambição e ética Stephen Kanitz*

Ambição é tudo o que você pretende fazer na vida. São seus objetivos, seus sonhos, suas soluções para o novo milênio. As pessoas costumam ter como ambição ganhar muito dinheiro, casar com uma moça ou um moço bonito ou viajar pelo mundo afora. A mais pobre das ambições é querer ganhar muito dinheiro, porque dinheiro por si só não é objetivo: é um meio para alcançar sua verdadeira ambição, como viajar pelo mundo. No fim da viagem você estará de volta à estaca zero quanto ao dinheiro, mas terá cumprido sua ambição. As pessoas mais infelizes que eu conheço são as mais ricas. Quanto mais rico, mais infeliz. Nunca me esqueço do comentário de uma copeira, na casa de um empresário arquimilionário, que cochichava para a cozinheira: “Todas as festas de rico são tão chatas como esta?”. “Sim, todas, sem exceção”, foi a resposta da cozinheira. De fato, ninguém estava cantando em volta de um violão. Os homens estavam em pé numa roda falando de dinheiro, e as mulheres numa outra roda conversavam sobre não sei o quê, porque eu sempre fico preso na roda dos homens falando de dinheiro. Não há nada de errado em ser ambicioso na vida, muito menos em ter “grandes” ambições. As pessoas mais ambiciosas que conheço não são os pontocom que querem fazer uma IPO (sigla de oferta pública inicial de ações) em Nova York. São líderes de entidades beneficentes do Brasil, que querem “acabar com a pobreza do mundo” ou “eliminar a corrupção do Brasil”. Esses sim, são projetos ambiciosos. Já ética são os limites que você se impõe na busca de sua ambição. É tudo o que você não quer fazer na luta para conseguir realizar seus objetivos. Como não roubar, mentir ou pisar nos outros para atingir sua ambição. A maioria dos pais se preocupa bastante quando os filhos não mostram ambição, mas nem todos se preocupam quando os filhos quebram a ética. Se o filho colou na prova, não importa, desde que tenha passado de ano, o objetivo maior. Algumas escolas estão ensinando a nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é ambição. Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos, ou pelo menos da maioria. Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética. Não conheço ninguém que tenha sido expulso da faculdade por ter colado do colega. “Ajudar” os outros, e nossos colegas, faz parte de nossa “ética”. Não colar dos outros, infelizmente, não faz. O problema do mundo é que normalmente decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo seria o contrário. Por quê? Dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará nossos objetivos. Quando percebemos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, a tendência é reduzir o rigor ético, e não reduzir a ambição. Monica Lewinsky, uma insignificante estagiária na Casa Branca, colocou a ambição na frente da ética, e tirou o Partido Democrata do poder, numa eleição praticamente ganha pelo enorme sucesso da economia na sua gestão. Definir cedo o comportamento ético pode ser a tarefa mais importante da vida, especialmente se você pretende ser um estagiário. Nunca me esqueço de um almoço, há 25 anos, com um importante empresário do setor eletrônico. Ele começou a chorar no meio do almoço, algo incomum entre empresários, e eu não conseguia imaginar o que eu havia dito de errado. O caso, na realidade, era pessoal: sua filha se casaria no dia seguinte, e ele se dera conta de que não a conhecia, praticamente. Aquele choro me marcou profundamente e se tornou logo cedo parte da ética na minha vida: nunca colocar minha ambição à frente da minha família. Defina sua ética quanto antes possível. A ambição não pode antecedê-la, é ela que tem de preceder à sua ambição.

* Veja (seção “Ponto de vista”), 24 de janeiro de 2001. Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Coletânea de Textos. M2U3T2













REFLETIR

"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria, aperta e depois afrouxa, aquieta e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."

(João Guimarães Rosa)

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Para Aprender Matemática, Sérgio Lorenzato

Este livro está voltado não somente para professores que ensinam matemática maistambém àqueles que se interessam por essa fascinante disciplina desde que estudada eapresentada adequadamente. Aborda temáticas como: aproveitar a vivência do aluno,favorecer a experimentação e a descoberta, historiar o ensino, valorizar erros edúvidas do aluno, ensinar integradamente aritmética, geometria e álgebra, respeitaras diferenças individuais, enfatizar os porquês dos alunos, explorar as aplicaçõesda matemática. Pretende tornar a aprendizagem da matemática significativa eagradável, na obra permeia em 25 princípios educacionais, cuja aplicação favorece umensino de qualidade. Apresenta também vários exemplos de situações verídicas, deatividades já testadas em sala de aula e de materiais didáticos facilmentereproduzíveis por alunos e docentes. Sua linguagem é simples, direta e dispensaconhecimentos prévios da matemática, uma leitura que recomendo. Elienae Nascimento

Currículo e ideologia, Michael Apple

Estou lendo “Currículo e Ideologia” de Michael Apple. O autor aborda as maneiras como as relações de poder estão imbricadas na seleção apresentada pelo currículo. Nesse sentido, o currículo é um instrumento de manipulação de idéias das classes dominantes, mas que ele também pode ser elemento de desconstrução dessas ideologias. O professor é o mediador desse processo e por isso deve ter uma formação cultural, política e ética. Isabel Rodrigues

Professor do futuro e reconstrução do conhecimento, Pedro Demo

O estudo desse livro é importante porque trata sobre as bases do nosso trabalho. Explica sobre a formação de Grupo-base e a formação de professores. Sociedade do conhecimento, cuidar da aprendizagem, professor como profissional estratégico, o direito de estudar são temas abordados pelo autor. Aparentemente o livro é pequeno, mas traz uma densidade de informações. Bom leitura! Lorena Trescastro

Atividade humana e conceituação, Gérard Vergnaud

O livro Atividade Humana e Conceituação, de Gérard Vergnaud. O interesse surgiu pela discussão que o texto produz sobre "esquemas de pensamentos", apoiado por vários autores o autor reflete sobre como se dá sentido, como se organiza o pensamento. Essa leitura é importante para nós formadores porque nos ajuda a entender como é que o professor pensa. Cilene Valente

Como um rio

Como um rio

CARACTERIZAÇÃO DO CURSO

INTRODUÇÃO
Formação do formador é um curso, destinado aos formadores do ECOAR, que surge na perspectiva de dialogar, estudar, refletir e elaborar conjuntamente sobre a problemática da alfabetização nas escolas municipais de Belém - SEMEC, utilizando novas mídias de comunicação.

MEDIADORES
Cilene Valente e Lorena Trescastro

PÚBLICO-ALVO
Formadores que compõem o Grupo-base de Formação Continuada de Professores - ECOAR

PERÍODO
02/02 a 26/06/2009

OBJETIVO
Estudar sobre a formação de professores alfabetizadores, articulando os conteúdos estudados com a prática de formador.

METODOLOGIA
A formação fundamenta-se no estudo, elaboração, vivência, reflexão e pesquisa com a finalidade de refletir sobre a prática profissional e o conhecimento dos formadores de professores alfabetizadores. Os procedimentos metodológicos utilizados são os seguintes:
Interação virtual assíncrona e individual;
Interação presencial e coletiva;
Retorno reflexivo sobre as postagens;
Mediatização e socialização da reflexão;
Entrecruzamento de resultados.

ATIVIDADES
Estudar slides e postar material escrito;
Estudar textos teóricos e literários apresentados no blog;
Elaborar material escrito de acordo com a questão proposta semanalmente, relacionando o conteúdo da formação com a sua prática de formador e postar no blog;
Realizar as atividades interativas propostas no blog e postar resultado da experiência (fotos e reflexões).

MATERIAL DE ESTUDO
MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. 2001.
USP. Escola do Futuro. Programa Tonomundo. 2008.

ORGANIZAÇÃO
Textos de estudo e literários serão postados semanalmente;
Slides serão postados mensalmente;
Atividades práticas serão postadas mensalmente;
Postagem de atividade nova no blog será publicada sempre na segunda-feira de cada semana.

AVALIAÇÃO
Desenvolvimento das atividades propostas em tempo hábil;
Realização das atividades observando a temática proposta;
Interação contínua no curso.

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