4 de fevereiro de 2009

Para desenvolver competências profissionais

A formação continuada não pode ser pensada como geralmente ocorre: fragmentada, às vezes desenvolvida em apenas dois momentos ao longo do ano. Situação freqüente: a Secretaria de Educação contrata algumas pessoas, às vezes muito competentes, para ministrar cursos, seminários, oficinas... Elas trazem/levam algumas idéias interessantes para os professores, que às vezes se empolgam e resolvem colocá-las em prática. Mas, na primeira dúvida que surge, o professor percebe que não tem com quem refletir sobre essas dúvidas, com quem compartilhar suas angústias, dificuldades, incertezas e às vezes até mesmo as suas convicções. Então, como essa formação poderia ser considerada continuada, se todas as vezes que, durante o ano, o professor necessita de alguma orientação, nunca sabe a quem recorrer ou com quem dialogar sobre suas questões em relação à prática pedagógica? Na verdade, nesse caso, ele tem vivenciado uma formação descontinuada. Por isso a necessidade de recolocar as coisas nos seus devidos lugares, atribuindo-lhes o devido significado. Mas que significado, ou o que ressignificar?
Ressignificar a formação tanto inicial quanto a continuada. Esta deve acontecer de modo contínuo, a fim de que os professores possam se atualizar, tirar suas dúvidas, refletir sobre as situações de aprendizagem em suas salas de aula. Mas isso parece tão simples! É... parece simples. Mas, assim como o óbvio nem sempre é percebido, o simples na maioria das vezes não é aceito. Afinal, pensam os “entendidos”: como resolver um problema tão complexo, como é a precariedade da educação brasileira, com medidas tão simples como a organização de grupos de estudos de professores? Evidentemente, essa não é a única medida necessária para a superação dessa realidade. Existem outras tantas medidas fundamentais... mas tenho certeza de que são muito mais simples do que parecem. Regina Cabral

A defesa da idéia de competência profissional como capacidade de mobilizar recursos e conhecimentos, para responder aos diferentes desafios colocados pelo exercício da profissão – ou seja, para responder às questões inerentes à prática, identificar e resolver problemas, pôr em uso o conhecimento e os recursos disponíveis – implica, necessariamente, a defesa de um modelo de formação que garanta o desenvolvimento progressivo das competências que se espera dos profissionais. Um modelo de formação que tome o desenvolvimento de competências profissionais como princípio e como meta terá que desdobrá-los em pressupostos, objetivos, conteúdos e metodologias compatíveis e coerentes.

Seguem transcritos abaixo trechos dos Referenciais para a Formação de Professores,4 que indicam pressupostos e objetivos colocados à formação inicial e continuada (respectivamente, páginas 18 e 82), decorrentes da opção por um modelo pautado no desenvolvimento de competências profissionais dos professores.

Pressupostos orientadores da formação de professores

• O professor exerce uma atividade profissional de natureza pública, que tem dimensão coletiva e pessoal, implicando simultaneamente autonomia e responsabilidade.
•O desenvolvimento profissional permanente é necessidade intrínseca à sua atuação e, por isso, um direito de todos os professores.
• A atuação do professor tem como dimensão principal a docência, mas não se restringe a ela: inclui também a participação no projeto educativo e curricular da escola, a produção de conhecimento pedagógico e a participação na comunidade educacional. Portanto, todas essas atividades devem fazer parte da sua formação.
• O trabalho do professor visa ao desenvolvimento dos alunos como pessoas, nas suas múltiplas capacidades, e não apenas à transmissão de conhecimentos. Isso implica uma atuação profissional não meramente técnica, mas também intelectual e política.
• O necessário compromisso com o sucesso das aprendizagens de todos os alunos na creche e nas escolas de educação infantil e do ensino fundamental exige que o professor considere suas diferenças culturais, sociais e pessoais e que, sob hipótese alguma, as reafirme como causa de desigualdade ou exclusão.
• O desenvolvimento de competências profissionais exige metodologias
pautadas na articulação teoria-prática, na resolução de situações problema e na reflexão sobre a atuação profissional.
• A organização e o funcionamento das instituições de formação de professores são elementos essenciais para o desenvolvimento da cultura profissional que se pretende afirmar. A perspectiva interinstitucional – de parceria e cooperação entre diferentes instituições – também contribui decisivamente nesse sentido.

• O estabelecimento de relações cada vez mais estreitas entre as instituições de formação profissional e as redes de ensino é condição para um processo de formação de professores referenciado na prática real.
• Os projetos de desenvolvimento profissional só terão eficácia se estiverem vinculados a melhorias nas condições de trabalho, carreira e salário e a processos de avaliação.


Objetivos gerais das ações de formação de professores

Conforme define Perrenoud: 5
• As competências não são, elas mesmas, saberes, savoir-faire ou atitudes, mas mobilizam, integram e orquestram tais recursos.
• Essa mobilização só é pertinente em situação, sendo cada situação singular, mesmo que se possa tratá-la em analogia com outras já encontradas.
• O exercício da competência passa por operações mentais complexas, subentendidas por esquemas de pensamento, que permitem determinar (mais ou menos consciente e rapidamente) e realizar (de modo mais ou menos eficaz) uma ação relativamente adaptada à situação.
• As competências profissionais constroem-se em formação, mas também, ao sabor da navegação diária do professor, de uma situação de trabalho à outra.

Segundo o autor, são dez as "famílias de competências" necessárias aos professores:

1- organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2- administrar a progressão das aprendizagens;
3- conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 6
4- envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5- trabalhar em equipe;
6- participar da administração da escola;
7- informar e envolver os pais;
8- utilizar novas tecnologias;
9- enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10-administrar sua própria formação contínua.

A análise da natureza dessas competências permite verificar que, de modo geral, elas demandam do professor:

• análise da realidade (que é o contexto da própria atuação);
• planejamento da ação a partir da realidade à qual a ação se destina;
• antecipação de possibilidades que permitam planejar algumas intervenções com antecedência;
• identificação e caracterização de problemas (obstáculos, dificuldades,
distorções, inadequações...);
• priorização do que é relevante para a solução dos problemas identificados e autonomia para tomar as medidas que ajudam a solucioná-los;
• busca de recursos e fontes de informação que se mostrem necessários;
• compreensão e atendimento da diversidade;
• disponibilidade para a aprendizagem;
• trabalho em colaboração de fato;
• reflexão sobre a própria prática;
• uso da leitura e escrita em favor do desenvolvimento pessoal e profissional.7

Tomando essas idéias como pressupostos, os Referenciais de Formação de Professores indicam como objetivos das ações de formação inicial e continuada de professores o desenvolvimento progressivo das seguintes competências profissionais:


• Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça, respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, atuando como profissionais e como cidadãos.
• Utilizar conhecimentos sobre a realidade econômica, cultural, política e social brasileira para compreender o contexto e as relações em que está inserida a prática educativa.
• Orientar suas escolhas e decisões metodológicas e didáticas por princípios éticos e por pressupostos epistemológicos coerentes.
• Gerir a classe e a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de autoridade e confiança com os alunos.
• Analisar situações e relações interpessoais nas quais estejam envolvidos com o distanciamento profissional necessário à sua compreensão.
• Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação responsável de sua autoridade.
• Investigar o contexto educativo na sua complexidade e analisar a prática profissional, tomando-a continuamente como objeto de reflexão para compreender e gerenciar o efeito das ações propostas, avaliar seus resultados e sistematizar conclusões de forma a aprimorá-las.
• Promover uma prática educativa que leve em conta as características dos alunos e da comunidade, os temas e necessidades do mundo social e os princípios, prioridades e objetivos do projeto educativo e curricular.
• Analisar o percurso de aprendizagem formal e informal dos alunos, identificando características cognitivas, afetivas e físicas, traços de personalidade, processos de desenvolvimento, formas de acessar e processar conhecimentos, possibilidades e obstáculos.
• Fazer escolhas didáticas e estabelecer metas que promovam a aprendizagem e potencializem o desenvolvimento de todos os alunos, considerando e respeitando suas características pessoais, bem como diferenças decorrentes de situação socioeconômica, inserção cultural, origem étnica, gênero e religião, atuando contra qualquer tipo de discriminação ou exclusão.
• Atuar de modo adequado às características específicas dos alunos, considerando as necessidades de cuidados, as formas peculiares de aprender, desenvolver-se e interagir socialmente em diferentes etapas da vida.
• Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para a aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das áreas a serem ensinadas, das temáticas sociais transversais ao currículo escolar, bem como as respectivas didáticas.
• Utilizar diferentes e flexíveis modos de organização do tempo, do espaço e de agrupamento dos alunos para favorecer e enriquecer seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.
• Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo eleger as mais adequadas considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características dos próprios conteúdos.
• Analisar diferentes materiais e recursos para utilização didática, diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes situações.
• Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos.
• Participar coletiva e cooperativamente da elaboração, gestão, desenvolvimento e avaliação do projeto educativo e curricular da escola, atuando em diferentes contextos da prática profissional além da sala de aula.
• Estabelecer relações de parceria e colaboração com os pais dos alunos, de modo a promover sua participação na comunidade escolar e uma comunicação fluente entre eles e a escola.
• Desenvolver-se profissionalmente e ampliar seu horizonte cultural, adotando uma atitude de disponibilidade para a atualização, flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho na escrita profissional.
• Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em compartilhar a prática e produzir coletivamente.
• Participar de associações da categoria, estabelecendo intercâmbio com outros profissionais em eventos de natureza sindical, científica e cultural.
• Utilizar o conhecimento sobre a legislação que rege sua atividade profissional.
Como dissemos, competências profissionais desse tipo não são desenvolvidas pelo simples contato com a informação: saber quais são as necessárias competências para o exercício da profissão não basta a nenhum indivíduo, pois elas demandam decisões, procedimentos e atitudes que não dependem unicamente do acesso à informação. A possibilidade de pôr em uso o conhecimento disponível para atuar contextualmente é algo que depende de um processo de construção singular do "saber fazer" – uma construção que é conceitual, procedimental e atitudinal. É nesse sentido que a formação profissional
deve se orientar.

Notas
4 Documento publicado pela SEF/MEC em 1998.

5 Philippe Perrenoud, Dez novas competências para ensinar, Editora ARTMED, 2000.

6 Este item refere-se especialmente ao trabalho com a heterogeneidade dos alunos e com o atendimento de suas necessidades de aprendizagem.

7 As idéias tratadas até então neste Capítulo estão também expressas em dois documentos de circulação interna da SEF/MEC, no âmbito da Rede Nacional de Formadores: "A Dimensão Pedagógica do Programa Parâmetros em Ação" e "A Natureza da Assessoria no Programa Parâmetros em Ação", ambos produzidos em julho de 2000.
Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Guia de Orientações Metodológicas Gerais. 2001. p. 21-24.

19 comentários:

  1. Palavra chave do texto "saber fazer".Como diz o autor, existe uma relação direta que é conceitual, procedimental e atitudinal. Ou seja,tua ação reflete o que acreditas, sabes fazer e a forma como te posicionas na ação. Assim, decorre a atuação do professor na formação inicial e continuada.
    Se a formação continuada não se pauta em eventos esporádicos, fragmetados em que bases ela se sustenta? Sabe-se que o ponto forte reside na metodologia, fazer escolhas didáticas, estabelecer metas, planejar, realizar, gerir e avaliar. Então, muito do que elencamos nos ilumina na formador do formador, mas ainda assim não conseguimos atingir nosso alvo. O caminho é intenso, as vezes nos falta fôlego mas o real é que ainda precisamos enfrentar a prática do professor, desconstruir o que parece cristalizado, estabelecer confiança e fazer percebê-lo que existe um pressuposto na alfabetização que precisa ser ativado no professor que não será qualqer metodologia que pode ajudar com mais rapidez aprendizagem da leitura e escrita.

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  3. O texto apresenta orientações norteadoras para a busca das múltiplas competências profissionais dos professores. Dentre as 10 "famílias de competências", segundo Perrenoud, percebo como as três mais frágeis: a participação na administração da escola(geralmente nem o conselho escolar, tem efetiva atuação nas questões administrativas e pedagógicas); a utilização das novas tecnologias; e o trabalho em equipe. Com relação a esta, é recorrente ouvirmos falas sobre a solidão do professor com as dúvidas e angústias do cotidiano escolar.
    Para o nosso grupo de formação, acredito que a autoavaliação individual/coletiva, trabalho transdisciplinar e a busca de metas ousadas são pontos a serem perseguidos sempre.

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  4. O texto apresenta orientações norteadoras para a busca das múltiplas competências profissionais dos professores. Dentre as 10 "famílias de competências", segundo Perrenoud, percebo como as três mais frágeis: a participação na administração da escola(geralmente nem o conselho escolar, tem efetiva atuação nas questões administrativas e pedagógicas); a utilização das novas tecnologias; e o trabalho em equipe. Com relação a esta, é recorrente ouvirmos falas sobre a solidão do professor com as dúvidas e angústias do cotidiano escolar.
    Para o nosso grupo de formação, acredito que a autoavaliação individual/coletiva, trabalho transdisciplinar e a busca de metas ousadas são pontos a serem perseguidos sempre.

    Marta Ferreira

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  5. A formação continuada é um processo de aprimoramento teórico, prático e essencialmente, reflexivo. Nesse sentido, o professor deve ser colocado em situações diversas que o desafiem a mobilizar diferentes saberes (ético, político, tecnológico, técnico, político, etc.) e poder dar conta de situações semelhantes no seu contexto de atuação.
    Os formadores podem contribuir a partir dos resultados das avaliações dos alunos e dos relatos de condução das atividades realizadas. Assim, os formadores poderão trazer para discussão textos teóricos, práticas de boas aprendizagens de modo a mostrar, no contexto de sala de aula intervenções necessárias para o avanço dos educandos.
    Desse modo, professores e formadores poderão não só trabalhar competências diversas como também criarem condições favoráveis para que os alunos vivenciem práticas que, de uma maneira ou de outra, desenvolvam nos mesmos as competências necessárias ao processo de aquisição da língua escrita.

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  6. O texto me fez refletir a respeito dos princípios que regem o programa expertise na alfabetização que segue na contramão dos demais modelos programas de formações existentes, pois mão basta realizar a formação com o professor é importantíssimo que haja o acompanhamento deste profissional na aplicação adequada das propostas construidas nas formações. Vale destacar que o professor não deve jamais ser um mero espectador da formação, pois existe a possibilidade de resistencia na aplicação da mesma em sua sala de aula.
    Desta forma como se propõe o texto, é interessate "ressignificar" a prática destes profissionais com o propósito de valorizar os saberes deste profissional e faze-lo refletir para melhorar e avançar em sua prática docente. Na Educação Matemática o termo "ressignificar" é próprio de uma de suas tendências conhecida por Etnomatemática que propõe valorizar e ressignificar os saberes locais na perspectiva da construção e re-construção sistematizada de um saber matemático étinico.
    Certamente estes princípios favorecem a idéia do termo "saber fazer" nas propostas de Perrenoud na perspectiva de um profissional mais competente em sua prática no ambiente escolar.

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  7. A formação continuada é momento de construção e reconstrução de saberes que podem delinear práticas educativas. Por isso, é necessário acompanhamento sistemático do que ocorre entre os saberes construídos e o trabalho realizado em sala de aula.
    Desta forma, o papel do formador é de assessorar o professor-alfabetizador no processo existe entre teoria e prática.
    O texto descreve 10 competências profissionais, entre elas, gostaria de mencionar uma que se refere ao ato de administrar a progressão das aprendizagens, pois o trabalho realizado pelo projeto "Expertise" proporciona ações que cuidam do ensino escolar.
    Portanto, falar de formação é cuidar do professor e do aluno.

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  8. Haja fôlego para acompanhar vcs, Vania, Graça, Isabel, Elienae, Izabel, muito bom como cada um se vê como protagonista da formação continuada, de fato precisamos fazer com que os professores confiem em nós e visualizem um interlocutor com quem eles possam compartilhar dúvidas, incertezas, dificuldades... Esse é o melhor momento de atuar.

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  9. A formação continuada de professores desenvolvida pelo Programa de Formação da Secretaria incorpora os elementos da formação centrada na escola (NÓVOA, 1992; LELIS, 1997; SILVA, 2002). Ela é explicitada na constribuição dos formadores que trazem seus autores e construções próprias vivenciadas em seus processos pessoais de formação. A constribuição deste Grupo na formação profissional do professor das escolas municipais de Belém tem se dado de maneira singular nas visitas sistemáticas às escolas, no desenvolvimento de competências profissionais dos alfabetizadores, combinado com os encontros mensais do Projeto Expertise que levam o grupo participante (professores e formadores) a reflexão da sua prática.

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  10. A Formação Continuada de Professores dever ser um momento de discussão onde devemos provocar inquietações, incertezas, (des) construções e a possibilidade de reconstrução; nos diferentes momentos da formação continuada devemos ,através da reflexão na ação e sobre a ação pedagógica, buscar respostas as nossas perguntas, aos nossos questionamentos, construindo nossas certezas e encontrando novas incertezas, num processo continuo de aprendizagem coletiva. Como afirma SHOR (1986), “não possuímos todas as respostas, nem conhecemos todas as perguntas que deveriam ser feitas” mas devemos estabelecer um diálogo constante entre a teoria e a prática. Fundamentar a prática, num diálogo constante com a teoria, deve ser um processo em que os professores alfabetizadores participantes do projeto Expertise devem estar inseridos, para que construam relações mais seguras entre a realidade e os saberes a serem construídos na escola, tornando-se leitores de suas próprias falas e críticos de suas próprias práticas. Desta forma, a formação continuada da forma como estamos realizando, com os encontros mensais, possibilita as discussões e trocas coletivas de experiências, onde cada um é estimulado a “pensar e a repensar o pensamento do outro” (FREIRE, 1986). Nesse caminho trilhado por nós “arqueiros”, encontramos apoio ainda em ZEICHNER, que diz ser, a reflexão, essencial e fundamental na formação continuada; que esta deve ser uma das dimensões fundamentais do trabalho pedagógico para que os sujeitos compreendam esse fazer; essa compreensão deve ocorrer num contexto interativo, relacionado e interligado, pois quando os professores trabalham juntos, cada um pode aprender com o outro, compartilhando evidências, informações e buscando soluções (IMBERNÓN, 2002). Acredito que estamos no caminho certo, devemos coletivamente planejar e construir os próximos passos, para que os nossos professores alfabetizadores tenham formadas todas as competências necessárias para alfabetizar as crianças.
    Luiza

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  11. A temática formação continuada de professores é bastante complexa. Portanto, acredito que é preciso ficarmos atento para os conceitos, ideias e concepções que norteiam nossas ações educativas, compreendendo as contribuições teóricas com possibilidades de reflexões sobre a prática no sentido de questionarmos, que tipo de educação se quer promover? Para qual tipo de homem e sociedade? É nessa compreensão que a formação continuada deve buscar trilhar novos caminhos de desenvolvimento.
    Nesse contexto há necessidade de um modelo de formação continuada que de conta de desenvolver as competências que se espera do docente na atualidade. Ou seja, se espera que passe pela questão do "saber fazer" o aluno aprender com aprendizagem adequada e efetiva dentro de um processo em que aluno e professor aprendem.
    Por isso se almeja um professor com um entendimento mais amplo do conceito do que seja educar, um provocador de mudanças, o construtor de caráter e de espírito das novas gerações. Educar para reduzir os índices de violência, das drogas, para construir e/ou reconstruir valores, conduta ética, educar para direitos e deveres.Enfim, construir no aluno a capacidade de adaptar-se a uma sociedade em constante transformação

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  12. Maricilda, Luiza e Socorro boas reflexões sobre a formação centrada na escola, o diálogo necessário entre teoria e prática, o saber fazer que envolve conceitos, procedimentos e atitudes. Para quem ainda não respondeu, faço uma provocação: quais são as competências que se espera dos professores na expertise? como desenvolvê-las?

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  13. A cerca da temática Formação inicial e continuada, penso que seja um tema de crucial importância para nossa reflexão e posterior pratica pedagógica.
    Discutir sobre isso nos remete entre outras coisas a repensar também sobre o Projeto Expertise o qual estamos vivenciando. Pois tal relevância de abrangência engloba não só aos alunos mas tambem aos professores.
    E é aí que entra o apoio do Gbase(Semec)na formaçao deste profissional cuja formação nãso se dá somente nos Encontros Coletivos, mas em cada assessoramento nas escolas, nas visitas, nos estudos em grupo, nas intervenções, nas participações das HPs,enfim em toda e qualquer forma de acompanhamento que levem a uma ação/reflexão/análise sobre a sua prática pedagógica.
    Assim sendo fomos presenteados com a parábola da Aguia e da galinha do teólogo Boff que caiu como uma "luva" tanto sobre o texto como o momento o qual estamos vivenciando.
    A isso resumiria esse momento como um processo de "Ressemantização" ou seja ressemantizar, tornar algo significativo, dar um novo significado a essa formação inicial e continuada do professor.
    "Por isso saibamos abrir nossas asas e alcançar voos mais altos como a águia..."

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  14. É isso mesmo, Renato, precisamos voar alto e levar os professores conosco, para que as crianças se alfabetizem em um ano.
    Abs

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  15. Como o texto trata sobre as competências profissionais, é fundamental que tenhamos nossa formação continuada para que possamos cada vez mais estar preparado para os desafios que a cada dia temos e teremos pela frente. Nesse sentido Pimenta (2005), procura destacar que nos programas de formação de professores é fundamental que o professor esteja preparado de forma científica, técnica, pedagógica, cultural, humana e tecnológica. Vejam que nossa formação envolve esses vários aspectos.

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  16. É importante considerar que o processo de alfabetização vai muito além da determinação de conteúdos a serem ensinados aos alunos. A sua complexidade exige do professor competências para orientar os alunos na compreensão e na valorização da linguagem como espaço de interação social e produção de conhecimento. Entendo que é a partir da sua formação continuada, dos estudos que realiza, que cada professor irá gradativamente conquistando a autonomia necessária para construir seu caminho, ciente de que no processo dessa conquista, precisará lidar com os problemas e as contradições que a prática lhe impõe.

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  17. Título: Competência profissional do professor-alfabetizador
    O texto que tem como sustentação teórica as idéias de Perrenoud. Trata sobre a formação do professor que tem como foco o desenvolvimento da Competência profissional do professor, destacando pressupostos, objetivos de ações, além das dez famílias de competências necessárias ao professor e que devem orientar a formação de professores. Conforme o texto, citando Perrenoud, competência profissional, é a “capacidade de mobilizar recursos e conhecimentos, para responder aos diferentes desafios colocados pelo exercício da profissão”. Nesse sentido, atuar na formação da competência profissional do professor-alfabetizador, é o nosso maior desafio, enquanto formadores/membros do Grupo base. Sabemos e o texto reforça que a competência profissional – trazendo para o nosso contexto, a do professor alfabetizador- constitui-se em um processo construtivo/reconstrutivo de autoformação, que como tal é contínuo, dinâmico e permanente, mas também é singular e coletivo. É singular, porque envolve o desejo, crenças e a busca do conhecimento/aprendizagem, numa relação intrapessoal focada em crenças, interesses e necessidades intrínsecas. É também coletiva, pois perpassa pela relação com o outro, o olhar e fazer do/com o outro, ou seja, pela participação/contribuição do outro. Nessa perspectiva, compreendo que a formação do PROFESSOR ALFABETIZADOR, implica no entrelaçamento de conhecimentos, saberes e práticas, mas também de pessoas/profissionais que se relacionam. É um processo que requer interatividade, leituras, pesquisa, reflexões, intercâmbios de experiências, reflexões das práticas, produções/elaborações e, sobretudo, a (re)invenção da prática pedagógica. Afinal, “as competências profissionais constroem-se em formação, mas também, ao sabor da navegação diária do professor, de uma situação de trabalho à outra”, segundo Perrenoud. Complementando essa idéia Gérard Vergnaud afirma que “ se não confrontamos as crianças com situações nas quais elas precisem desenvolver conceitos, ferramentas, limites, elas não têm razão para aprender. Isso vale para a escola, mas também para a vida, para a experiência profissional.” Esse é o nosso papel, a nossa co-responsabilidade. Mas, há um alívio, já estamos trabalhando nessa direção com o Projeto Expertise, portanto essas idéias e orientações sedimentam nossas ações.

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  18. O trabalho com a formação continuada de professores alfabetizadores encontra-se pautado no resgate e/ou na perspectiva de desenvolvimento de competências que cuidem da melhoria das aprendizagens dos alunos. Neste sentido, baseada na leitura e análise do texto proposto, acredito que esse professor precisa: “- fazer escolhas didáticas e estabelecer metas que promovam a aprendizagem e potencialize o desenvolvimento de todos os alunos”, “criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para a aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos”, “analisar diferentes materiais e recursos para utilização didática, diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes situações”, “utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem”, “estabelecer relações de parceria e colaboração com os pais dos alunos”, “elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho”.
    Valéria Risuenho

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  19. A reflexão inicial do texto me faz pensar sobre a prática de “formações continuadas “ vivenciadas em outros espaços, o modelo de formação era similar com o descrito no texto, duas formações anuais, onde depois nós professores ficávamos com uma série de informações sem saber muito bem como agir que rumo tomar, e tal prática não contribui de forma efetiva para a formação dos profissionais. Formação Continuada deve estar pautada na ação reflexão, deve se conhecer muito bem quais os requisitos básicos necessário para desenvolver a competência profissional, isto é, o que devo saber ou fazer para contribuir na formação de professores. Concordo com a Vania quando diz que o ponto forte da Formação continuada reside na metodologia do saber escolher didáticas adequadas estabelecer metas, planejar, gerir, realizar e por fim avaliar. Acredito também ser esse o cominho, caminho árduo? pode ser , mas um caminho que todos devemos trilhar para reissignificar a formação inicial e continuada.

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