14 de abril de 2009

Estratégias metodológicas de formação de educadores


Foi com os Parâmetros em Ação que pude compreender melhor por onde deve caminhar o trabalho de formação dos educadores. Antes, eu desenvolvia uma proposta em que, embora houvesse uma preocupação com o adequado tratamento dos conteúdos, não tinha um cuidado especial com as estratégias metodológicas para abordá-los.
Rosa Maria Antunes de Barros
Quando falamos em formação, em desenvolvimento profissional docente,devemos levar em consideração o que nos diz Perrenoud (2000): "Os professores de hoje não estão nem dispostos, nem preparados, em sua grande maioria, a praticar uma pedagogia ativa e diferenciada, a envolver os alunos em procedimentos de projeto, a conduzir uma avaliação formativa, a trabalhar em equipe, por isso a necessidade imperativa de reformulações nos atuais modelos de formação oferecidos ao professorado."
Se o objetivo é o desenvolvimento de competências profissionais, isso obriga a um deslocamento do eixo curricular da formação de professores, já que a questão passa a ser outra. Se antes defendia-se um rol de conteúdos necessários para a formação dos professores, agora o que é preciso é, a partir das competências que se pretende desenvolver, definir quais os conteúdos e as estratégias que possibilitarão que isso ocorra. Uma proposta de formação centrada na resolução de situações-problema tem como desafio fornecer aos professores oportunidades para que eles possam identificar a própria aprendizagem como um problema que está colocado e que precisa ser enfrentado. Daí a exigência de estratégias mais sofisticadas de intervenção neste processo formativo.
Ivonete Tamboril
O desafio é utilizar os instrumentos metodológicos de forma construtiva, para que os educadores possam ser de fato sujeitos do seu processo de formação.
É preciso ter sensibilidade, conhecimento, autoridade e boas estratégiasmetodológicas. A prática tem mostrado que o movimento dos participantes de um grupo de formação em relação a nós, formadores, é mais ou menos o seguinte: "Eu só compro a sua idéia se realmente perceber que será melhor para mim e para o meu trabalho...".
Ariana Rocha
Conforme dissemos anteriormente, chamamos "estratégias metodológicas" as formas de abordar os conteúdos da formação de educadores.Não se trata de dinâmicas de grupo para motivá-los ou simplesmente aproximá-los uns dos outros,mas de atividades que têm como objetivo principal o desenvolvimento de competências profissionais: o estabelecimento de vínculos afetivos reais, a interação para a realização de tarefas que dependem de trabalho coletivo, o uso dos conhecimentos disponíveis, o procedimento de estudo, a reflexão sobre a prática, a avaliação do percurso de formação, o exercício da leitura e escrita, da simulação, da discussão, da explicitação de pontos de vista, da sistematização, da análise de materiais, situações e ações do grupo...
As formas de ensinar e aprender os conteúdos da formação profissional são também conteúdos no processo de ensino e aprendizagem do educador.
As estratégias metodológicas são formativas – às vezes até mais do que os temas abordados – e quando tomam de fato o educador como sujeito do processo de formação, prestam uma enorme contribuição ao seu desenvolvimento tanto pessoal como profissional. São estratégias desse tipo que seguem comentadas abaixo, categorizadas por similaridade.

Apresentação e estabelecimento de vínculo
Como diria Rubem Alves, "[…] todo início contém um evento mágico, um encontro de amor, um deslumbramento no olhar... É aí que nascem as grandes paixões, a dedicação às causas, a disciplina que põe asas na imaginação e faz os corpos voarem". É preciso cuidar do começo de um trabalho de grupo para que se estabeleçam vínculos afetivos construtivos, para que se conquiste os objetivos pretendidos, para que o trabalho ranscorra da melhor forma possível e valha a pena.
A apresentação pessoal, a explicitação dos objetivos do trabalho e das expectativas de aprendizagem colocadas para o grupo, a vinculação das expectativas de aprendizagem com as propostas de avaliação, o detalhamento da pauta de conteúdos previstos e a definição de tarefas e responsabilidades entre os participantes do grupo são alguns dos "procedimentos de iniciação" cujo planejamento e adequado encaminhamento têm a maior importância.
Tenho começado os Encontros do Programa Parâmetros em Ação fazendo a brincadeira da jornalista da TV local que ali estava para saber tudo a respeito do evento:
• Do que trata este encontro?
• A quem ele é destinado?
• Qual o papel dos participantes ali presentes?
• Por que o ensino do país precisa melhorar?
• O que é afinal esse documento chamado PCN?
• Como se articulam os PCN e os Parâmetros em Ação?
Brinco, fazendo muitas perguntas aos participantes, na tentativa de levá-los a retomar as principais idéias apresentadas na plenária de abertura e ir encontrando respostas para as eventuais dúvidas. Costuma ser uma hora divertida e de muitos esclarecimentos, pois a tarefa colocada obriga-os a adequar o discurso para um público que não sabe nada dos PCN (o suposto telespectador da TV), e colocar em jogo tudo o que entenderam da proposta.
Ao mesmo tempo que faço o papel de jornalista desentendida, vou me colocando no meu real papel de formadora, dando dicas e esclarecendo questões.
Enfim, tem sido uma dinâmica interessante para me apresentar e apresentar melhor esse tal Parâmetros em Ação...
A apresentação dos participantes é uma atividade realizada em praticamente todo grupo de trabalho e para esse momento em geral se espera algum tipo de dinâmica de grupo, principalmente quando eles já se conhecem. Uma experiência que me agradou muito foi a que aprendi com a Antonia Terra: os educadores deveriam se apresentar por escrito, procurando relatar como foram seus primeiros anos de escolaridade. Na verdade, o relato de uma experiência escolar é uma estratégia metodológica proposta no Parâmetros em Ação para que, além da socialização de xperiências vividas, se possa discutir, a partir delas, as concepções de ensino, aprendizagem e educação, bem como as relações interpessoais existentes na escola de "antigamente"...
Nesse caso, a leitura dos relatos é feita apenas pelos participantes que assim o desejam. Adaptar essa proposta para o momento de apresentação valeu a pena, porque todos tiveram que ler o que escreveram, inclusive os mais tímidos que, com certeza, espontaneamente não leriam seus textos nesse momento...
Rosa Maria Antunes de Barros
Logo de início, é fundamental apresentar aos educadores as expectativas de aprendizagem que se tem com o trabalho proposto, para que saibam o que será tratado e o que de fato se espera deles. Uma estratégia que tenho utilizado é primeiro levantar com eles quais são as expectativas em relação ao trabalho, para depois apresentar as expectativas de aprendizagem que orientam a minha proposta, compará-las e explicitar o que será possível incorporar das questões indicadas por eles. Dessa forma, vão compreendendo melhor "a que viemos" e o que de fato será trabalhado no tempo real que se tem.
Rosa Maria Antunes de Barros
Num grupo de formação, é importante definir algumas tarefas que façam com que seus participantes se comprometam mais com o desenvolvimento dos trabalhos e com os seus encaminhamentos. Nem sempre encontrar voluntários que assumam essas tarefas é algo fácil, principalmente quando se trata de fazer o registro escrito. Tem sido necessário fazer toda uma sedução, ou solicitar que escrevam em dupla, ou até dizer que, se ninguém se oferecer, será necessário
fazer um sorteio. Aí aparece alguém que tem mais afinidade com a escrita e que acaba se dispondo a fazer o registro. Tenho solicitado que isso seja feito a cada período do dia, como forma de incentivar que mais pessoas escrevam.
Rosa Maria Antunes de Barros
No início do Encontro, achei que o grupo era muito sério e que seria difícil envolvê-lo nas atividades, por isto resolvi iniciar os trabalhos com a leitura do "Rei Arthur". Li o texto até quase o final e parei para questionar o que fariam se fossem o jovem Arthur – e deixei a resposta para o final do dia.
As educadoras passaram a tarde me cobrando a resposta e eu dizia que elas já haviam respondido e que eu pude observar, pelas respostas, o modo de pensar e de ver a vida de cada uma delas.
Márcia Gianvechio
Neste grupo, as leituras que fiz para os educadores tiveram efeito surpreendente.
A cada texto que lia para eles, recebia meia dúzia de outros textos de presente.
A cada turno chegavam montes de texto. O grupo procurava cumprir o horário para não perder a leitura inicial. Por fim, acabei chamando a atenção deles para o que estava acontecendo – que é possível ser seduzido e seduzir pela leitura. A cada encontro me convenço mais da importância desses momentos de leitura para os grupos, não só no sentido de estimular ou inaugurar um desejo por ler, mas como forma de chegar mais perto, fazer um vínculo. Eles, sem dúvida, percebem esse aspecto, sentem como um agrado e carregam isto como modelo.
Fernanda Leturiondo Parente
Enquanto as educadoras escreviam suas memórias, anotei na lousa toda a pauta dos três dias de Encontro. A Amábile tinha me dito que fazia isso sempre.
O meu costume era apresentar a pauta das atividades oralmente e, quando possível, com a ajuda de uma ransparência. Mas, muitas vezes o retroprojetor não estava disponível no primeiro dia, e me acostumei a apresentar sem o auxílio da escrita. Porém, num encontro anterior, uma participante do grupo questionou várias vezes, querendo saber o que aconteceria na seqüência.
Resolvi, então, que iria experimentar manter a pauta por escrito na lousa para que todos pudessem acompanhar o que estava acontecendo e qual era a seqüência de atividades. Foi o que fiz dessa vez. Aproveitei também para explicitar o porquê dessa minha atitude agora, ressaltando que sempre estou aprendendo com a experiência. Nas avaliações finais, algumas educadoras anotaram que uma das questões do Encontro que contribuiu para sua atividade profissional foi a forma de apresentação da pauta.
Antonia Terra
Definição do contrato didático do grupo
O termo "contrato didático" cada vez mais vem sendo utilizado nos grupos de formação de educadores, como uma forma de explicitação de papéis, "combinados", intenções e conteúdos que orientam e/ou permeiam o trabalho. Como uma transposição do uso que se faz na didática, 23 cujo foco são as situações de ensino e aprendizagem escolares,
o contrato didático nos grupos de formação de educadores representa as regras que regulam, entre outras coisas, as relações que os participantes dos grupos e o formador mantêm com o conhecimento e com as atividades propostas, que estabelecem direitos e deveres em relação às situações de ensino e de aprendizagem que têm lugar no grupo, e que modelam os papéis dos diferentes atores envolvidos no processo de formação e suas relações interpessoais. Representa o conjunto de condutas específicas que os participantes do grupo esperam/podem esperar do formador e que este espera/pode esperar dos participantes – condutas que regulam o funcionamento do trabalho do grupo e as relações formador/educador-participante do grupo/conhecimento.
As práticas de formação organizam-se segundo regras de convívio e de funcionamento que foram se constituindo ao longo do tempo, determinadas pela cultura predominante nas situações de curso vividas pelos educadores.A consciência do formador sobre esse fenômeno é necessária para a compreensão dos papéis e relações envolvidos nas situações de ensino e de aprendizagem que ocorrem num grupo de formação e, conseqüentemente, para o planejamento e a realização de intervenções adequadas.
Quando a proposta é subverter os papéis determinados por um "contrato convencional" (em que, por exemplo, o formador tem o papel de portador exclusivo dos saberes relevantes, enquanto os educadores participantes do grupo têm o papel de consumidores passivos de informações), é preciso renegociar o contrato "em novas bases", adequadas à situação que se pretende instaurar nos grupos.
As instituições (Bolívar, 1997) são compostas de um conjunto de padrões ou rotinas que orientam a ação de seus membros e, ao longo da sua história, vão desenvolvendo uma série de práticas, selecionadas entre aquelas que
aparentemente apresentaram melhores resultados ou trouxeram maior estabilidade e mais confiança para a realização do trabalho.
Essas práticas, que se transformam em normas – muitas vezes não-explicitadas – configuram a cultura institucional e, muitas vezes, colocam-se como uma barreira diante da tentativa de se introduzir mudanças criativas...
Walter Takemoto
É necessário que todo educador compreenda o que é e como se constitui a cultura de uma instituição, de uma profissão e de algo como a formação profissional. Esse tipo de cultura, que muitas vezes é desconsiderado como elemento formativo não-explícito,tem um enorme

23Conforme os Referenciais para a Formação de Professores, "contrato didático" são as regras que regulam, entre outras coisas, as relações que alunos e professores mantêm com o conhecimento e com as atividades escolares, estabelecem direitos e deveres em relação às situações de ensino e de aprendizagem, e modelam os papéis dos diferentes atores do processo educativo e suas relações interpessoais. Representa o conjunto de condutas específicas que os alunos esperam dos professores e que estes esperam dos alunos, e que regulam o funcionamento da aula e as relações professor-aluno-saber. Como toda instituição, a escola organiza-se segundo regras de convívio e de funcionamento que vão se constituindo ao longo do tempo, determinadas por sua função social e pela cultura institucional predominante.A consciência do professor sobre esse fenômeno é necessária para a compreensão dos papéis e relações envolvidos nas situações de ensino e de aprendizagem e, conseqüentemente, para o planejamento e a realização de intervenções adequadas.
poder sobre os profissionais. Determina as representações – e, conseqüentemente as expectativas – sobre "como as coisas devem ou não acontecer":muitas das resistências que se enfrenta nos grupos de formação têm relação com o fato de o trabalho proposto romper com essas representações e não responder às expectativas criadas anteriormente pelos participantes.
Por essa razão, o contrato didático no grupo de formação de educadores cumpre com a finalidade de explicitar exatamente "a que viemos" (nós, formadores), quais são nossas reais intenções e expectativas, por que a g i remos dessa ou daquela forma, como devemos proceder uns com os outros para que as coisas caminhem de forma produtiva considerando os objetivos estabelecidos... Quanto mais diferentes do habitual forem as metodologias e conteúdos propostos e as intervenções do formador, mais o contrato didático inicial ganha importância, pois a sua definição representa uma oportunidade ímpar de renegociar as bases do "contrato" habitual, conhecido dos educadores.
Os depoimentos a seguir revelam a importância dessa estratégia de formação.
O contrato didático fazia parte do meu trabalho com as crianças há muito tempo, desde o momento em que comecei a me preocupar mais com a construção dogrupo, como forma de conseguir maior interação na sala de aula. No entanto, nunca havia pensado no quanto ele poderia ser importante também na formaçãode educadores.
Alice de La Rocque Romeiro
Era o meu primeiro dia como formadora no Programa Parâmetros em Ação.
Eu estava muito ansiosa e querendo muito conhecer o grupo, com o qual eu iria desenvolver o trabalho.
Procurei ser o mais amigável possível, mas sentia que algo estranho acontecia.
O grupo era super-resistente, com pessoas muito sérias, e bem pouco receptivas.
Como depois das devidas apresentações, avisos e combinados, a proposta era a escrita de memórias, resolvi fazer um levantamento sobre o que e como poderiam escrever essas memórias.
O grupo parecia estagnado, travado, ninguém falava, opinava ou dava qualquer colaboração. Fui me sentindo superincomodada com aquela situação, principalmente porque não queria que aquele momento de formação se tornasse um monólogo, onde eu daria aulas expositivas o tempo todo.
Terminei esse primeiro dia muito frustrada, com vontade de pegar o primeiro avião e voltar para casa... Mas chegando ao hotel, e compartilhando a situação com o restante do grupo de formadores, comecei então a perceber que era
exatamente assim que eu iria crescer e aprender cada vez mais a fazer formação nesse Programa.
A dinâmica que se tornou habitual entre os formadores do Parâmetros em Ação é discutir o que se fez no dia e se preparar para o dia posterior. Foi isso o que me ajudou a enfrentar a situação. Discutindo, percebemos que o problema maior é que geralmente as pessoas se sentem checadas quando vão participar de um trabalho desse tipo, e concluímos que o que incomodava e bloqueava o grupo era o medo de se expor.
No dia seguinte, antes de iniciar a pauta de trabalho, abri um bate-papo, onde explicitei tudo o que sentia e estava pensando sobre o que havia acontecido no dia anterior e fui esclarecendo os reais motivos do Encontro e os papéis que
tínhamos – eu e eles – nesse tipo de trabalho. Ou seja, propus uma discussão sobre qual era o contrato didático que nos regia. Depois disso o grupo reagiu positivamente e pudemos começar a trocar experiências e crescer como pessoas
e profissionais.
Mara Sílvia Negrão Póvoa
Os participantes do grupo não apresentaram resistência às propostas, mas tinham muito receio e medo de errar, apresentando pouca ousadia para refletir, levantar hipóteses e se expor. A insegurança era tanta que freqüentemente
recorriam a mim para se certificar de que suas respostas estavam corretas, ou de acordo com o que eu queria.
Essa atitude foi reforçada ainda mais pelo fato de terem poucas experiências com EJA e de os professores (segundo sua própria opinião) estarem participandode um grupo onde havia também supervisores e coordenadores pedagógicos.
Aos poucos, fui conversando sobre essas questões e retomando o nosso contrato didático, dizendo que não se tratava de um contrato convencional, onde o formador é o detentor do saber e o professor o consumidor passivo desses saberes.
Fui tranqüilizando-os dizendo que não deveriam ter medo de se colocar, pois o grupo só se constituiria como tal com trocas e parcerias. Acredito que precisamos explicitar melhor o contrato didático que consideramos adequado para o trabalho de formação, a fim de minimizar esse tipo de sentimento.
Roberta Panico
Lendo alguns relatórios, percebi que desde os primeiros encontros do Parâmetros em Ação vínhamos discutindo com os participantes dos grupos a necessidade de se estabelecer um contrato didático no trabalho que realizariam com os professores (e estes com os seus alunos), mas eu mesmo fazia apenas alguns combinados que se resumiam à escolha de voluntários para algumas tarefas – caderno de registro, encaminhamentos operacionais e de natureza metodológica.
Provavelmente os professores saíam do encontro pensando sobre o assunto, mas hoje percebo que isso não é suficiente... É preciso viver essa experiência no próprio grupo.
Estabelecer um contrato didático logo no início dos trabalhos evita muitos problemas. Ficam mais explícitas a natureza do programa e a concepção de formação que norteia a nossa proposta.
Agora, os combinados têm sido estabelecidos da seguinte forma: começo levantando com o grupo suas expectativas em relação ao encontro, comparo essas expectativas com as expectativas de aprendizagem que orientam o trabalho proposto por nós e digo o que será ou não possível realizar, e por quê.
Depois, tenho discutido o que espero dos participantes: que respeitem o horário, que participem ativamente, que perguntem bastante, que coloquem suas dúvidas...
E o que eles podem esperar de mim. Quando um combinado não é cumprido, tenho feito um mural que se chama "Para pensar". Num dos grupos que coordenei, enfrentamos problemas de atraso na chegada para os trabalhos.
Coloquei então no painel perguntas do tipo "Por que na escola se exige a pontualidade dos alunos?", "O que vocês fazem com professores e alunos que chegam atrasados na escola?". Coloquei também a definição da palavra "atraso", conforme o dicionário, e algumas outras questões. Depois disso, não só todos chegaram no horário como também permaneceram no grupo até se encerrarem todas as atividades.
Renata Violante
Discuti com os participantes do grupo os "combinados" para o trabalho e iniciei lhes perguntando para que nossos professores nos faziam perguntas, quando éramos alunos. As respostas foram simples: para ver se a gente estava prestando atenção, se a gente sabia o que ele ensinou...
No nosso imaginário, responder perguntas geralmente está relacionado com ser avaliado. Propus que abordássemos a questão do fazer/responder perguntas no trabalho de formação do qual estamos participando – responder seria
colocar em jogo o que sabemos, para avançar no que não sabemos. Com esse "acordo" com o grupo, discutimos que sempre há um contrato didático estabelecido na sala de aula, mesmo que não explícito pelo professor, e que
está diretamente relacionado com a concepção de ensino e de aprendizagem que ele possui. Para sistematizar essa discussão, fizemos uma síntese na lousa do contrato que tínhamos com nossos professores, relacionando-o com a concepção tradicional e, a partir da concepção de ensino e de aprendizagem que estávamos discutindo, listamos os procedimentos que representariam ocontrato didático do grupo nesse momento.
Marília Novaes
As possibilidades de discussão sobre o contrato didático tiveram início na Plenária de Abertura do Encontro do Parâmetros em Ação, quando a Amábile colocou em discussão o modelo tradicional de formação, indicando que nele
se ignoram as condições reais e os pontos de partida dos professores, que a ênfase é dada ao ensino e não às relações entre o ensino e a aprendizagem, que os professores são tratados como seres passivos e que há uma grande
incoerência entre o modelo de formação proposto e a expectativa de atuação deles junto aos alunos.
Essas colocações feitas pela Amábile proporcionaram a introdução da discussão no grupo sobre um trabalho de formação que fosse coerente com um modelo de ensino e aprendizagem em que o aluno é tratado de fato como sujeito do processo. Partindo dessa deixa, proporcionada pela plenária de abertura, indiquei a necessidade de redefinirmos os papéis (de professor e aluno, no caso da sala de aula, e de formador e participante de um grupo de formação,
no nosso caso) e pontuarmos alguns direitos e deveres que precisavam ser acordados desde o início do trabalho para que as atividades pudessem ser desenvolvidas da melhor maneira possível.
A explicitação do contrato didático tem fundamental importância nesse processo de formação de educadores, porque pode produzir uma mudança qualitativa no papel que desempenham no grupo, na medida em que favorece
o compromisso com o próprio processo de aprendizagem.
Sandra Mayumi Murakami Medrano
Num dos grupos de estudo de coordenadores gerais do Parâmetros em Ação, cujo acompanhamento está sob minha responsabilidade, compreendi a real importância do estabelecimento de um contrato didático inicial nas ações de formação.
Uma das participantes do grupo fazia a leitura do registro da última reunião, descrevendo detalhadamente as atividades que foram desenvolvidas. Percebi que não haviam incluído as conclusões, os comentários desencadeados pelos participantes, dúvidas, questões que levantaram etc.
Resolvi, então, logo após a leitura, fazer uma observação cuidadosa, ressaltandoa importância de registrarem como foi o processo das pessoas em relação às atividades que realizaram, as falas dos participantes e outros aspectos do tipo.
Utilizei parte considerável da reunião falando apaixonadamente da importância e das características do registro escrito... e não houve nenhuma manifestação do grupo a respeito, nada que me indicasse o alcance da minha intervenção.
Na reunião seguinte, a coordenadora do pólo veio conversar comigo, informando que o grupo que havia feito o registro tinha ficado muito incomodado com as minhas observações no encontro anterior. Explicitei minha "boa intenção" de contribuir e, em hipótese alguma, avaliar ou julgar o trabalho realizado, que, por sinal como uma descrição do ocorrido era bastante completo. Uma das coordenadoras fez então a seguinte observação: "Você deveria ter nos dito antes como fazer o registro..."
Essa situação mostrou o quanto é necessário estarmos atentos ao processo de formação dos educadores para não "atropelar" e bloquear o canal de comunicação existente entre eles e nós. E reafirmou a importância de, logo de início, estabelecermos um contrato didático em que, além de combinados necessários à organização e ao funcionamento do grupo, as expectativas de parte a parte sejam o mais possível explicitadas.
Jane Padula
Fazer alguns combinados antes ou durante os trabalhos tem contribuído muito para o desenvolvimento das atividades de formação. Esses combinados podem ser de natureza organizacional e metodológica e compõem o contrato didático do grupo.
Numa escola onde eu e a Rosângela realizamos a formação de várias educadoras, propusemos, logo no primeiro dia, um contrato didático relacionado especialmente ao compromisso com o trabalho – a freqüência nos encontros, a leitura integral dos textos de aprofundamento teórico e a realização das atividades propostas. Dissemos desde o início que o nosso compromisso era com o grupo, e não com a instituição que nos contratou como formadoras, e
que só desenvolveríamos o trabalho sob determinadas condições. Pedimos que pensassem se estavam dispostas a aceitar "as regras do jogo" e nos dessem uma resposta no próximo encontro. Todas concordaram com as condições.
Ao meu ver, isso contribuiu – e muito – para a qualidade do desempenho das educadoras, pois em pouco tempo o grupo teve um avanço muito grande, se comparado com outros com os quais já trabalhamos.
Rosa Maria Antunes de Barros

16 comentários:

  1. Falar sobre estratégias metodológicas de formação de educadores é uma outra estratégia a se descrever.
    O que nos faz relembrar com certeza dos nossos encontros de formação coletivos com nossas escolas assessoradas.
    Desde o ano passado quando começamos o projeto Expertise nas escolas já demos grandes passos e tivemos grandes avanços e conquistas.
    No início não foi uma tarefa fácil principalmente quando íamos passar um filme e nossas professoras questionavam sobre as escolas, sobre as professoras entrevistadas...
    Diziam por exemplo que aquelas entrevistas não refletiam a realidade delas, que tinham poucos alunos em sala de aula e que aquilo não servia como pressuposto de vídeo.
    Com o passar dos questionamentos e dos tempos já vencemos e superamos esses desafios dizendo para elas olharem e refletirem para e sobre as atividades realizadas, que era esse o ponto que nos interessava para a discussão do encontro.
    Com a continuidade do projeto em 2009, da equipe formadora, das escolas, bem como dos professores observamos que já há uma grande e confiante interaçao principalmente para a realizaçao das tarefas.
    Dentre as várias estratégias que nossa dupla formadora ja aplicou há que se destacar, a confiança e respeito recíproco entre nós e os professores, de modo que não nos vêem como pessoas que estão ali para cobrar avaliações,como técnicos, como fiscalizadores do trabalho deles, mas sim como pessoas iguais a eles e que estamos ali para acrescentar no trabalho que eles já realizam.
    Outra estratégia foi aprendermos logo os nomes de cada um deles e não apenas chamá-los de professores disso, daquilo, ou daquela escola, pois isso encurta distâncias e nos aproxima mais tornando-nos mais íntimos deles.
    Também sempre dizemos que confiamos no trabalho deles, que elas são capazes, encorajamos para vencerem, acreditarem em si mesmas, se superarem...
    Isso vai muito também, pelo campo da auto-estima como nos diz Içami Tiba.
    De resto sempre buscamos resposta deles,trocamos idéias, indagamos, valorizamos, parabenizamos pelos resultados alcançados,
    Mostramos ainda que em nossas formaçoes não estamos trazendo medologias inovadoras ou receitas prontas para eles aplicarem, que eles não conhecem nada, mas sim uma reflexão de suas práticas pedagógicas de forma que por fim confiam em nós, acatam e debatem nossas idéias e sugestões como estratégias capazes de desenvolvermos ainda mais nossos alunos.

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  2. Acredito que as estratégias de formação devam sempre partir de uma situação problema, ou seja, da necessidade apresentada pelos professores sobre algo que não estão conseguindo realizar, dificultando desta forma uma ação mais eficaz em sala de aula.
    Eu e minha parceira Rosimar, procuramos primeiramente estabelecer um bom vínculo afetivo/profissional com todos os nossos professores, coordenadores e diretores para que estes nos vejam como alguém que está ali para ajuda-los a mediar o processo de ensino e desta formar promover uma aprendizagem mais significativa, alguém capaz de atender as necesidades dos alunos, que está ali para somar/trocar/formar conhecimentos/mediar/intervir...e não alguém que vai só fiscalizar e criticar seu trabalho.
    Sendo muito importante também neste trabalho sempre que possível mostrar na prática(sala de aula) aos professores, estratégias interventivas motivadoras, lúdicas, capazes e viáveis de se realizar com aqueles alunos em determinada situação, no sentido de solucionar algum problema que o professor, ou os alunos estejam enfrentando e que está os impedindo de avançarem no processo de ensino e aprendizagens.
    Vale destacar também, que é imprescindível neste processo de formação elogiar, bem como, ouvir o professor, dando oportunidade para que o mesmo coloque suas dificuldades, anseios e sugestões para que assim possamos fazer um trabalho mais eficaz e com melhores resultados.
    É este contrato didático que deve sempre existir entre professor-formador e professor de sala de aula.
    Abraços a todos.

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  3. Renato e Izafira, gostei muito de como vcs se posicionaram sobre o tema, respondendo a questão proposta com reflexões decorrentes do trabalho de formadores na expertise.
    De fato, esta semana, os depoimentos dos formadores nos mostram como é importante estabelecer vínculos e contrato didático para se atuar na formação de professores. Interessante também o reconhecimento da escrita e da leitura como estratégias de formação, bem como a forma como lidaram com o "atraso". A formação "não correu frouxa", as regras ficaram claras. Tais questões, não dizem respeito apenas a formação dos PCNs em Ação, estão ligadas aos problemas que enfrentamos na Expertise, destaco: ausência na formação e não entrega da avaliação no encontro. Para mim estes problemas são decorrentes do "desgarramento", ou seja, da relação de não pertencimento ao grupo. Esses depoimentos nos ajudam a ver melhor o que ocorre. Isso precisa ser contruído, não é dado. É tarefa didícil. Por isso seria muito proveitoso se nós pudéssemos compartilhar como foi e/ou está sendo estabelecido o contrato didático com os professores, incluindo o estabelecimento de laços, pq estes qd consolidados geram confiança nos formadores, no trabalho (que se torna visível com a presença contínua e a entrega da avaliação, por exemplo) e na orientação dada, mas isso deve ser construído de maneira inteligente e científica. Como cada um encaminha essas questões?

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  4. Caros colegas, a estratégia metodológica de formação ao meu vê já esta posta, não é algo que preciso ser criado. No primeiro encontro certamente “cantamos a pedra”, falamos de como irá acontecer todo processo formativo ( encontro mensal, avaliação do aluno, assessoramento, análise de materiais, reflexão sobre a prática, ) é claro que cuidamos do como introduzir todos essas frentes de trabalho. Um ponto forte é se sentir grupo (que se fortalece com a experiência do outro, que ouve o problema e toma este como coletivo), ter tolerância para ouvir concepção de ensino que não se sustenta porque não ativa o intelecto da criança, ter sensibilidade e autoridade para enfrentar os problemas. A estratégia metodológica que utilizamos centra-se nesses princípios. Há situações de encaminhamentos que devem ser tratado com atenção, nem sempre o que falamos são compreendidos pelos professores as vezes há entendimento equivocados e nós formadores só conseguimos perceber nos documentos enviados pelos professores seja na condução da avaliação, seja no planejamento proposto, seja na prática de sala de aula. O fato é que o quanto mais rápido conseguimos detectar o problema mais ágil deve ser nossa ação. A dupla quando detecta essas situações age no sentido de mostra como gostaria que fosse e leva ao conhecimento do professor as implicações de sua ação no aprendizado do aluno.

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  5. "[…] todo início contém um evento mágico, ... É aí que nascem as grandes paixões, a dedicação às causas, a disciplina que põe asas na imaginação e faz os corpos voarem". (Rubem Alves)
    Este educador sempre me para o olhar! E me fez refletir sobre o primeiro encontro deste ano, que foi realizado ainda com a parceira Vera Travassos antes do oficialmente primeiro. Naquele momento fizemos uma dinâmica de apresentação, muito acolhedora, enfatizando as qualidades que cada um traria ao grupo, assim como o Contrato Didático.
    Contudo acredito que com a nova parceira Graça Barroso e o “novo” grupo de professores ainda precisamos estreitar os vínculos e talvez relembrar o contrato estabelecido como estratégia de formação. Como afirma profª Vânia, quando escreve que “um dos pontos fortes é se sentir grupo”.
    O bom é perceber, que estamos nos fortalecendo e crescendo coletivamente.

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  6. Muito interessante e importante os depoimentos dos formadores que estiveram neste texto a respeito das “Estratégias metodológicas de formação de educadores”, o qual abordam temáticas relevantes a reflexão dos formadores, dentre os temas abordados, destaquei os seguintes, “desenvolvimento de competências profissionais”, resolução de situações-problema”, “estabelecimento de vínculos afetivos reais”, “reflexão sobre a prática”, “estabelecimento de vínculos”, “expectativas em relação ao trabalho”, “apresentação da pauta”, “Contrato didático” e “registro escrito”. Para efeito de esclarecimento, o termo Contrato Didático foi cunhado pelo filósofo e educador matemático Guy Brousseau em 1986 em sua produção científica intitulada Didática da Matemática, de tal forma que segundo ele o Contrato Didático “em uma situação de ensino, preparada e realizada por um professor, o aluno tem, em geral, como tarefa, de resolver um problema, que lhe é apresentado, mas o acesso a essa tarefa é feito através da interpretação das perguntas colocadas, das informações fornecidas, das obrigações estabelecidas que são constantes da maneira de ensinar do professor. Esses hábitos específicos do professor esperados pelo aluno e os comportamentos do aluno esperados pelo professor constituem o contrato didático”(BROUSSEAU, 1986). Aqui esta concepção foi muito bem adaptada para o processo de Formação de Educadores.

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  7. As estratégias metodológicas de formação de professores sempre fizeram parte de minhas expectativas ao ingressar no Grupo-base. Até então sempre estava nas formações como professora. Isso me custou muitos momentos de reflexões e leituras sobre como iria me portar nesse processo. De uma coisa eu tinha certeza, era precisa muita sabedoria no lidar com o outro, pensar com a cabeça e vê com os seus olhos desse outro sem perder de vista os objetivos da formação. Hoje, apesar do pouco tempo de experiência como formadora compreendo que a tarefa não é fácil, como bem afirma o colega Renato, mas se trata principalmente de sermos estrategistas em todos os sentidos, na cumplicidade, na seriedade com que nos posicionamos e acreditamos na capacidade do professor de enfrentar o desafio proposto e sentir que não está sozinho e que somos parceiros nesse desafio, o sucesso de um será do grupo e vice versa, na demonstração de nossa disponibilidade para com o professor, intervindo em sala de aula se for o caso, orientando o trabalho pedagógico, tirando dúvidas quando possível ou simplesmente ouvindo seus anseios, suas dificuldades e angustias. Afinal essas são características que permeiam a prática pedagógica de um professor e que o formador não pode desconhecer ou ignorar. Bem, essas são algumas estratégias construídas e conquistadas por mim e minha parceira Madalena, as quais fazem parte do contrato didático que sustenta o nosso trabalho formador/professor.

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  8. Estabelecer estratégias de formação é sem dúvida necessário para o formador, mesmo porque serve como ponto de referência para o trabalho docente. Assim como a criança, o adulto percebe quando o trabalho é organizado tem uma diretriz, uma sistematização coerente e organizada. Isso facilita a conquista, e posteriormente a mudança de atitute do professor. Dessa forma, concordo com Perrenoud que retrata a sensibilidade e autoria que devem ser estimuladas para o enfrentamento da problemática, pois é só através de estratégias confiantes e direcionadas que poderemos conquistar os objetivos propostos para uma formação do professor. Concordando com Vania, que reafirma que as estratégias já estão postas tendo em vista a importância do estabelecimento, com clareza, de nossas problemáticas para realmente envolver o professor no que realmente queremos, temos que ter bem claro nossas estratégias, enquanto duplas, de forma a estabelecer o vínvulo com o professor e desenvolver as competências necessárias no mesmo para o conquista da aprendizagem do aluno.E isso, acredito que Lúcia e Mauro estão buscando desenvolver bastante atentamente.

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  9. O texto define as estratégias metodológicas como as formas de abordar os conteúdos da formação de educadores. Porém entendo que essas estratégias vão além das abordagens dos conteúdos, sendo assim concordo com as considerações da colega Socorro Cabral sobre as estratégias metodológicas de formação de educadores principalmente quando ela se refere ao aspecto das intervenções que fazemos em sala quando necessária. Essas intervenções representam ou sintetizam as diversas possibilidades de como fazer o aluno a ler, a escrever, a interagir , etc...Para que essas intervenções em sala tenham bons resultados é necessário que o formador tenha sensibilidade, conhecimento, autoridade e boas estratégias metodológicas. Dessa forma o professor percebe que não basta somente a prática, a experiência, isso é importante, mas podemos “ensinar” ou mediar algo, também com respaldo das leituras específicas sobre alfabetização, isto é, da fundamentação teórica, e esses subsídios são repassados e discutidos na formação. Essa relação de teoria e prática, de estudo contínuo e reflexivo é que permite, que vai contribuir para o desenvolvimento de competências profissionais nos professores.

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  10. Discutir sobre competência profissional é algo que extrapola o campo do domínio do conhecimento teórico ou prático. Se o profissional não tiver o real interesse pelo avanço/crescimento daquele por quem é responsável, de pouco adiantará o seu domínio conceitual.Neste sentido percebemos que a estratégia da socialização de experiências tem dado bons resultados.Os professores tem procurado se "agrupar" mais nas escolas para desenvolver e relatar suas práticas e depois mostrar para todos.Esse tem sido um ponto bastante positivo e que procuramos incentivar nos professores, o agrupamento sempre fortalece a todos. Temos, também estimulado o trabalho, com os alunos, em dupla e em grupos, pois essa dinâmica oportuniza o real exercício da autonomia.

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  11. Lendo as respostas de vcs, gostaria de destacar o que Vania falou sobre "detectar o problema e agir com agilidade", o que Marta focou: "sentir grupo", o que Socorro tratou sobre "ser estrategista", a explicação de "contrato didático" retomada por Elienae, as ideias-chave tratadas por Lucia, "sensibilidade e autoria" e complementadas por Mauro: "conhecimento e autoridade", e qd Graça nos faz ver a importância do "real interesse pelo crescimento do outro" e a "socialização de experiências. Tais colocações nos fazem ver a complexidade da formação e qts coisas precisamos reunir para deter tal competência. Agradeço a interlocução, sábias palavras!

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  12. Falar de estratégias de formação é falar de planejamento. Planejar o trabalho de formação imbrica uma série de questões como pesquisar conteúdos, organizar a pauta, definir o que, por que, para que, ...logo, é preciso ter claro quem e para quem estamos formando, tendo clareza do que queremos. Os caminhos que vamos utilizar serão encontrados, e vão se definindo e redefinindo na medida em que os outros pontos se clareiam. Problematizar a prática, partir de um problema vivenciado pelos professores, é uma estratégia que pode levar a bons resultados. Sendo assim, na nossa prática de formação temos feito o exercício da escuta “...vou me colocando no meu real papel de formadora, dando dicas e esclarecendo questões”, nos momentos de socialização das práticas, os professores demonstram muitas ansiedades, dúvidas, e muitas aprendizagens e, esses são momentos de fazer com que os professores olhem para a sua prática e reflitam sobre ela, percebendo os avanços e colocando as dificuldades, é uma das estratégias que estamos utilizando nos encontros coletivos, que vem trazendo bons resultados nas aprendizagens dos professores.
    Outro ponto, que tem dado bons resultados, é o contrato didático. Estabelecer as regras, construídas no grupo, faz com que todos se sintam responsáveis por sua aprendizagem e pela sua formação.

    Outro ponto que considero fundamental nesse processo de formação diz respeito as relações estabelecidas: confiança, segurança, afetividade, conhecimento,troca, cumplicidade; essas relações proporcionam maior interação e integração no trabalho; maior empenho e pertencimento do outro e para com o outro.

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  13. O estabelecimento do vinculo afetivo-construtivo, entre nós é fundamental para as outras ações, que se seguem:

    1. Formação de um coletivo de formadores que dê sustentação as discussões e reflexões feitas nos momentos com os professores;
    2. Formação de um coletivo de professores, estabelecer conhecimento sobre e com o grupo;
    3. Levantar junto aos professores suas expectativas quanto a formação;
    4. Que todo o grupo tenha a clara visão da linha de chegada. Devemos discutir as metas.
    5. Estudar e discutir suas práticas vivenciadas em sala de aula.

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  14. Penso que os professores que se dispões a ir a uma formação para adquirir conhecimentos, estão em busca de algo que vá contribuir para sua formação. Esperam obter novos conhecimentos, porém acredito que querem algo dinâmico, onde os mesmos possam problematizar sua prática e com o conhecimento adquirido tentar encontrar soluções para determinado problema. Então o papel do formador é de criar estratégias que possam contribuir na formação desse profissional, assim o professor passa a ser sujeito de seu processo de formação. Para que esse trabalho flua de forma adequada faz-se necessário além de boas estratégias, estabelecer vínculos de confiança entre formadores e professores, como nos diz Rubem Alves: "[…] todo início contém um evento mágico, um encontro de amor, um deslumbramento no olhar... É aí que nascem as grandes paixões, a dedicação às causas, a disciplina que põe asas na imaginação e faz os corpos voarem". É importante dar inicio a uma formação com uma Acolhida, dialogar com os profissionais deixá-los a vontade para começar um dia de trabalho de forma agradável, pois o objetivo é que sejam momentos de aprendizagens significativas e satisfatórias, pois quem disse que o conhecimento deve ser algo sisudo sem prazer? Enfim tentamos durante nossos encontros proporcionar aos professores atividades que os façam aprender através de idéias não somente de autores ou as nossas, mas principalmente as idéias deles.

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  15. Dentro da discussão acerca da seleção e uso de estratégias metodologias que realmente deem conta do desenvolvimento de competências profissionais dos professores, em nosso caso, dos alfabetizadores, parei pra pensar e analisar o que temos feito durante os encontros e os assessoramentos às escolas. Vemos, por exemplo, que o fato de levarmos material com conteúdos e estratégias para a alfabetização e estudarmos junto com os professores, esta metodologia gera mudanças na prática de alguns professores, pois a partir dos estudos conseguiram analisar suas práticas e repensá-las. Já outros professores conseguem se vê a partir da análise de um vídeo contendo uma sequência didática elaborada e trabalhada por outro professor. Outros ainda precisam de acompanhamento mais próximo, que é o caso de trabalharmos em parceria em determinada atividade desenvolvida em sala de aula. Ou seja, da mesma forma que encontramos alunos com diferentes ritmos e níveis de aprendizagem, assim somos todos nós, formadores e professores alfabetizados, e, para que tenhamos êxito no trabalho de assessoramentos, precisamos, ao mesmo tempo, em que utilizamos uma estratégia para trabalhar certo conteúdo, fazer avaliação para constatarmos se tivemos sucesso na utilização da estratégia.
    Valéria Risuenho

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  16. Considero que toda aprendizagem é estabelecida por um vinculo significativo para quem a prende e neste aspecto as estrategias metodológicas de formação estabelecidas no curso de formação de formadores é bastante positivo e aqui concordo e transcrevo o depoimento da minha amiga e parceira Izafira quando diz: Acredito que as estratégias de formação devam sempre partir de uma situação problema, ou seja, da necessidade apresentada pelos professores sobre algo que não estão conseguindo realizar, dificultando desta forma uma ação mais eficaz em sala de aula.
    Eu e minha parceira Rosimar, procuramos primeiramente estabelecer um bom vínculo afetivo/profissional com todos os nossos professores, coordenadores e diretores para que estes nos vejam como alguém que está ali para ajuda-los a mediar o processo de ensino e desta formar promover uma aprendizagem mais significativa, alguém capaz de atender as necesidades dos alunos, que está ali para somar/trocar/formar conhecimentos/mediar/intervir...e não alguém que vai só fiscalizar e criticar seu trabalho.

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