24 de março de 2009

Necessidade de replanejar a pauta de trabalho, rever as propostas e a intervenção



Resolvi inverter a pauta, não porque já estivesse cansada de realizá-la da mesma forma, mas porque avaliei que o tempo que vinha gastando com alfabetização nunca me permitia abordar o módulo de 1ª- a 4ª- série de maneira adequada. Escolhi realizar uma atividade do Módulo Ser Professor e ser Aluno do Parâmetros em Ação – a atividade que simula um ditado realizadopor crianças de 2ª- série. Essa atividade tem como foco as questões relacionadas ao ensino e aprendizagem, só que é inevitável que a discussão esbarre novamente em Língua Portuguesa.
Gosto muito dessa atividade, pois além de permitir a análise de uma estratégiametodológica importante, também aborda conteúdos fundamentais, como avaliação, ensino e aprendizagem.
O grupo envolveu-se muito com a discussão e percebeu, de imediato, a diferença de trabalhar com estratégias metodológicas diferentes daquelas habituais.
Foi muito interessante a discussão. Essa atividade tem na seqüência uma leitura do Documento Introdutório dos Parâmetros Curriculares, que possibilita uma excelente discussão. Foi o primeiro grupo no qual fiquei de fato satisfeita com uma atividade de leitura dos PCN.
Rosângela Veliago

Gostei muito de ter invertido a pauta e o gancho das atividades de leitura com a aquisição do código alfabético, parece-me ter doído menos, apesar da sensação de falta de conhecimento com que os educadores saíram do Encontro. Viram e experimentaram o quanto precisam estudar para ajudar os professores a avançar. Vou tentar repetir a situação em outro Encontro.
Eliane Mingúes

O desafio, desta vez, seria adaptar a pauta ao Encontro programado para três dias apenas. Nós que já temos uma pauta "gulosa" para quatro dias, teríamos de apertá-la em três.
Viviane Canecchio Ferreirinho

Foi um grupo de trabalho muito bom, em que, pela primeira vez, pude avaliar a pauta com as professoras e modificá-la a partir do que apontaram como mais oportuno. Acredito que os outros grupos não tinham maturidade suficiente para avaliar os benefícios das mudanças indicadas para o conjunto das pessoas presentes: conseguiam apenas pensar nos benefícios para cada uma delas, individualmente. Acredito, também, que se deva a uma segurança maior minha, enquanto coordenadora, com relação à pauta e à maior prática com grupos, adquirida neste processo meu de aprendizagem.
Viviane Canecchio Ferreirinho

Gosto muito dessa atividade, pois além de permitir a análise de uma estratégia metodológica importante, também aborda conteúdos fundamentais, como avaliação, ensino e aprendizagem.
O grupo envolveu-se muito com a discussão e percebeu, de imediato, a diferença de trabalhar com estratégias metodológicas diferentes daquelas habituais.
Foi muito interessante a discussão. Essa atividade tem na seqüência uma leitura do Documento Introdutório dos Parâmetros Curriculares, que possibilita uma excelente discussão. Foi o primeiro grupo no qual fiquei de fato satisfeita com uma atividade de leitura dos PCN.
Rosângela Veliago

Gostei muito de ter invertido a pauta e o gancho das atividades de leitura com a aquisição do código alfabético, parece-me ter doído menos, apesar da sensação de falta de conhecimento com que os educadores saíram do Encontro.
Viram e experimentaram o quanto precisam estudar para ajudar os professores a avançar. Vou tentar repetir a situação em outro Encontro.
Eliane Mingúes

O desafio, desta vez, seria adaptar a pauta ao Encontro programado para três dias apenas. Nós que já temos uma pauta "gulosa" para quatro dias, teríamos de apertá-la em três.
Viviane Canecchio Ferreirinho

Foi um grupo de trabalho muito bom, em que, pela primeira vez, pude avaliar a pauta com as professoras e modificá-la a partir do que apontaram como mais oportuno. Acredito que os outros grupos não tinham maturidade suficiente para avaliar os benefícios das mudanças indicadas para o conjunto das pessoas presentes: conseguiam apenas pensar nos benefícios para cada uma delas, individualmente. Acredito, também, que se deva a uma segurança maior minha, enquanto coordenadora, com relação à pauta e à maior prática com grupos, adquirida neste processo meu de aprendizagem.
Viviane Canecchio Ferreirinho

Na minha avaliação, o Encontro foi ao mesmo tempo produtivo e difícil, pois questões cruciais para se pensar numa proposta de alfabetização com textos não estavam claras e nem eram de fácil aceitação para alguns professores alfabetizadores com mais de vinte anos de sala de aula. E, para outros, a questão era uma assimilação errônea, principalmente do que é letramento e atividade contextualizada e significativa.
A proposta do trabalho que fazemos no Encontro do Parâmetros em Ação tem um enfoque metodológico destinado a favorecer a compreensão dos educadores sobre um modelo de formação apoiado na resolução de situações-problema, na reflexão sobre a prática, no estudo dos Parâmetros Curriculares. Mas o que emerge como problema fundamental nos grupos de 1ª- a 4ª- série é como ensinar a ler e escrever por meio de textos e outras questões pertinentes, como gestão do tempo, da sala de aula, materiais, planejamento.
Fiquei pensando como poderíamos organizar a pauta para que se pudesse ter mais situações problematizadoras sobre a leitura e a escrita e atividades para se discutir a gestão da sala de aula…
Marília Novaes

Costumo utilizar como fechamento ou sistematização das discussões de temas ou problemas a leitura de trechos dos PCN e outros textos de autores consagrados.
Como já sei que os grupos são muito diferentes, tenho os livros em mãos e uma pré-seleção de trechos, mas só decido qual caberá para aquela discussão específica depois que ela acontece.
Cecília Condeixa


Desenvolvendo atitudes formativas

Depoimentos que mostram que as atitudes do formador muitas vezes são mais formativas do que os próprios conteúdos abordados durante os trabalhos – é isso que se pode constatar a seguir. Se a ampliação do universo de conhecimentos e a reflexão sobre a prática são duas das principais condições para a construção das competências profissionais imprescindíveis a um formador, a análise pessoal sobre as próprias atitudes e sobre o impacto que elas podem exercer num grupo de formação, bem como o planejamento das formas de tratar os educadores durante os trabalhos, sem dúvida, são condições de igual importância.


Estabelecer vínculo real com os educadores

Tive a preocupação de construir um vínculo com o grupo, que pudesse propiciar a aprendizagem, a cumplicidade e intimidade suficiente para que todos se colocassem e participassem.
Viviane Canecchio Ferreirinho

A cada encontro, nós nos "alimentamos" com as experiências vividas/trocadas com os participantes dos grupos e, acima de tudo, com os desafios que nos são colocados. É como se necessitássemos das questões trazidas por eles para a nossa própria formação – para refletir sobre a nossa prática a partir da prática do outro.
Maria Laura Petitinga Silva
O trabalho sempre nos envolvia por mais tempo. Como dizia uma das professoras, eu começava e não queria mais parar. Por essa razão, todos os participantes deste grupo eram os últimos na fila para o almoço e para o lanche e, muitas vezes, precisavam esperar a reposição dos alimentos. Nesse dia, essa situação gerou um desentendimento entre alguns participantes e os organizadores do Encontro, técnicos da Secretaria de Educação. Na sala, após o almoço, o clima
era de muito desagrado, choro e reclamações. Senti que parte do problema era de minha responsabilidade, uma vez que havia administrado mal o tempo (os horários de intervalo deveriam ser cumpridos com pontualidade!), e abri espaço para conversarmos sobre o problema. O conteúdo emergente na conversa dava conta de haver uma rivalidade entre os municípios de onde eram os envolvidos naquela discussão. Isso ocupou um tempo da nossa pauta, incluiu-se nela. Chamei a atenção para o que havia de formativo naquela conduta que assumi. Concluíram que é necessário escutar verdadeiramente o grupo com o qual se trabalha e não negar que, muitas vezes, há questões interpessoais que precisam ser tratadas. Sem dar um caráter de terapia de grupo – até porque não somos competentes para fazê-lo – foi isso o que aconteceu: uma escuta sincera para poder lidar com os problemas que estavam provocando mal-entendidos.
Lília Campos Carvalho Rezende

Um dos desafios da formação de professores é o tipo de relação que será construída com o grupo com o qual trabalharemos. Quem serão? Como nos receberão? Teremos oportunidade de nos relacionar sem preconceitos, olhando-nos apenas como seres humanos que têm muito em comum?
Como sabemos, as relações humanas são complexas. Nelas se configuram emoções, sentimentos, crenças que modelam – e muitas vezes impedem – que sejam estabelecidos vínculos afetivos reais, em que o outro não é mais um, mas alguém que me diz respeito, com o qual preciso comprometer-me sentindo-me de certa forma responsável por ele.
“…Uma das características fundamentais de todos nós humanos é nossa capacidade de imitação. A maior parte de nosso comportamento e de nossos gostos é copiada dos outros. Por isso somos tão educáveis e vamos constantemente aprendendo os sucessos conquistados por outras pessoas em tempos passados ou latitudes distantes. Em tudo o que chamamos de civilização, cultura… há um pouco de invenção e muito de imitação. Se não fôssemos tão copiadores, cada homem teria sempre de começar tudo do zero. Por isso é tão importante o exemplo que damos a nossos congêneres sociais: é quase certo que na maioria dos casos, os outros nos tratarão tal como são tratados…” – Fernando Savater (Ética para meu filho, Editora Martins Fontes).
Pensar em formação de educadores implica refletir sobre o papel que o formador desempenha como modelo de referência para eles. Se um dos alicerces desse processo é ajudá-los a olhar o aluno como alguém potencialmente capaz de aprender, de sentir-se desafiado, de se perceber com potencialidades e fragilidades – assim como todos os seres humanos –, são essas atitudes que devem orientar a conduta do formador em relação aos educadores.
Ainda conforme Fernando Savater: "Você me dirá que tudo isso está muito bem, mas que, na verdade, por mais semelhantes que sejam os homens, não está claro de antemão qual a melhor maneira de se comportar com relação a eles".
E não é que é verdade! Nós, humanos, construímos nossas relações. Nossas ações não estão previamente determinadas, são fruto de muitas variáveis, desde a nossa expectativa com relação ao outro, nossa condição física e emocional num determinado momento até nosso estilo de nos relacionar. Nessa realidade, é fundamental lembrar que, além de todo o conhecimento teórico necessário ao papel de formador, existe uma outra condição que é tão importante quanto a primeira, que são os vínculos que se estabelecerão com o grupo de educadores.
Relatarei aqui uma experiência pessoal, que tem me intrigado e me desafiado a investigar ainda mais esse aspecto do processo de formação.
Há alguns meses, eu e a professora Rosa Maria Antunes de Barros temos
desenvolvido um trabalho de formação com um grupo de educadoras que se reúne quinzenalmente, aos sábados – fora do seu horário de trabalho, portanto.
Esse grupo é composto de professores e coordenadores de cinco escolas públicas.
Um fato que tem nos chamado muito a atenção é que, apesar do trabalho ter uma limitação de tempo – 33 horas – os resultados são muito superiores ao que temos obtido em trabalhos semelhantes. Essa observação tem possibilitado uma reflexão a respeito da função dos vínculos afetivos estabelecidos com um grupo de formação.
Não há dúvidas de que nos últimos tempos, tanto pela participação no Programa Parâmetros em Ação como na equipe pedagógica do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, temos aprendido muito sobre as questões relacionadas à alfabetização e também sobre as estratégias metodológicas de formação, o que, sem dúvida, fez diferença nesse processo. Mas sabemos que isso não é tudo… é só o começo: conhecer o conteúdo, trabalhar com boas estratégias é fundamental, mas não suficiente. É preciso algo mais. O que é, afinal, esse algo mais?
“É certo que, em todo o caso, devo tratar os homens com cuidado. Mas esse ‘cuidado’ não pode consistir antes de tudo em suspeita ou prevenção, mas na consideração que se tem ao lidar com as coisas frágeis, as coisas mais frágeis de todas… por não serem simples coisas. Como o vínculo de respeito para com os outros humanos é o mais precioso do mundo para mim, que também sou humano, quando me vejo diante deles devo ter o maior interesse de resguardá-lo. Nem na hora de salvar a pele é aconselhável que eu esqueça completamente essa prioridade.” – Fernando Savater Nossa observação e o registro do trabalho realizado sugerem alguns indicadores de que os vínculos estabelecidos com o grupo foram determinantes para a possibilidade de aprendizagem de cada uma das educadoras, inclusive da nossa.
Desde o começo, nos colocamos o desafio de contribuir para que cada uma
delas pudesse aprender o máximo possível. Para isso, iniciamos o trabalho
definindo claramente quais seriam os papéis de cada participante do grupo, suas funções, seus direitos, suas obrigações. Explicitamos que nossa função seria criar situações em que se pudesse pensar a relação teoria-prática a partir de situações-problema, difíceis e possíveis. Os grupos, em geral, esperam do formador respostas, e não problemas. Aliás, estes últimos eles já têm de sobra.
Desmontar essa idéia de que cabe ao formador apenas dar respostas é fundamental, pois isso modelará as relações que serão estabelecidas entre as pessoas. É interessante observar que quando não explicitamos como e por que agiremos de forma problematizadora, muitas vezes, criamos um mal-estar freqüentemente visível, pois a expectativa dos educadores em formação nem sempre é coincidente com essa nossa conduta. Não raro eles a explicitam dizendo: "Afinal você veio aqui para perguntar ou para responder?"
Outro aspecto fundamental que vale a pena destacar é que o grupo sempre teve voz: cada fala era mais do simplesmente ouvida, era acolhida e, freqüentemente, o ponto de partida da explicitação das crenças que orientam as práticas pedagógicas, mesmo quando inconscientes. Esse ouvir e falar foi considerado condição para o trabalho.
O fato de coordenarmos o grupo em parceria nos permitiu afinar o nosso olhar. Cada situação foi sendo discutida, refletida e posteriormente aproveitada, desde a falta de uma das educadoras – caso raro, pois na realidade o grupo foi crescendo com a entrada de novas educadoras interessadas em participar – até a observação da necessidade de um cuidado maior com um ou outro membro do grupo.
Em função disso, criamos alguns dispositivos que contribuíram para o alcance dos nossos objetivos quanto a estabelecer e ampliar o cuidado com as relações afetivas.
Um bom exemplo foi a carta enviada para a professora Helena, por ocasião de uma falta – na verdade sua única falta durante todo o trabalho – e a que enviamos, para todos, por ocasião do Dia dos Professores.

São Paulo, 22 de agosto de 2000
Helena,
Sentimos sua falta. Tenho certeza de que você não desistiu do grupo, afinal tem feito descobertas muito interessantes.
Combinei com a Rosa de escrever para você para contar um pouco do que aconteceu no nosso Encontro e para dizer que você faz falta para o grupo.O fato de sempre se colocar com sinceridade, explicitando suas dúvidas e descobertas, é fundamental, pois só assim é possível que um grupo cresça – quando existe espaço para que cada um possa dizer o que pensa, o que concorda, o que não sabe. E você tem feito isso.
No último Encontro, discutimos os agrupamentos propostos pelo grupo, e sua hipótese de que a "criança 4" poderia realizar a cruzadinha, consultando a lista de palavras, foi retomada por mim e pela Rosa.
Você tem razão, é possível que uma criança que ainda não lê convencionalmente, descubra as palavras que estão na lista usando
várias estratégias de leitura (leia o texto anexo). Em geral, priorizamos a decodificação, mas um bom leitor usa só 50% dessa estratégia ao ler; portanto, para alfabetizar com textos, precisamos investir no desenvolvimento de todas as estratégias ao mesmo tempo. Isso implica tratar as crianças, desde o primeiro dia de aula, como leitores, pois é lendo antes de poder fazê-lo convencionalmente que elas aprenderão que ler é mais que decifrar letras em sons. É como a história do aprender nadar: não adianta nadar no seco, para aprender a ler é preciso ler.
Parece tão simples… mas essa mudança é complicada, porque exige redefinir a concepção do como se ensina e do como se aprende.
No próximo Encontro, provavelmente dia 2/09, assistiremos a um programa de vídeo que discute algumas atividades de leitura para crianças com escritas não-alfabéticas.
E como vai sua classe? Já conseguiu colocar ordem na casa? Você tem lido diariamente para as crianças? Conquistá-las não é fácil, mas é – possível – e esse é o primeiro passo para desenvolver um trabalho de qualidade. Ler para elas pode ajudar porque, além de favorecer que aprendam muito sobre a língua, cria também um momento de aconchego e cumplicidade.Você pode conquistá-los por aí. Que tal tentar?
Eu e a Rosa esperamos você no próximo Encontro, não falte! Tá?
Um grande beijo,
Rosângela

Imagine uma professora19…
Imagine uma professora que se alegra ensinando,que chega na classe feliz com a escola, satisfeita e segura de si mesma, convencida, a cada dia, que seu trabalho é importante, valioso, fonte inesgotável de realizações e recompensas.
Imagine uma professora que sabe ensinar, que tem conhecimento e sensibilidade para diferenciar o fácil do difícil, o interessante do aborrecido, o relevante do irrelevante, para descobrir e inventar novas formas de comunicação com seus alunos, conseguindo não só que aprendam, mas também que aprendam com alegria.
Imagine uma professora que sabe muito,muito mais do que ensina, que lê, investiga, não se contenta com o que sabe e está preocupada em manter-se atualizada e intelectualmente ativa.
Imagine uma professora que tem a vontade, o tempo e os conhecimentos necessários para apoiar individualmente os alunos, conversar com eles, explicar outra vez o que não compreenderam, impedindo que alguns fiquem para trás, estimulando os que vão à frente.
Imagine uma professora que é capaz de conseguir de cada aluno o melhor, ajudando-o a descobrir suas capacidades, a desenvolver seus pontos fortes, a reconhecer e superar seus pontos fracos.
Imagine uma professora que revisa minuciosamente as tarefas e as avaliações, as redações e os trabalhos, corrigindo onde necessário, oferecendo um comentário pessoal que estimule os alunos sempre a melhorar.
Imagine uma professora atenta a seus alunos ao seu desempenho e desenvolvimento, aos seus altos e baixos, aos problemas que podem interferir em sua vida pessoal e escolar.
Imagine uma professora que se mantém em contato com os pais, não só para informá-los, mas também para pedir informação, para envolvê-los mais e melhor na vida escolar de seus filhos.
Essa professora, senhor pai e senhora mãe, a que todos querem e necessitam para seus filhos, estudou em uma boa escola, estudou para ser professora e teve por sua vez bons mestres, e continua estudando e continua lendo, porque sabe que ser professora é um dos ofícios intelectuais mais exigentes. Essa professora lê, tem dinheiro para comprar materiais de leitura, tem critério para diferenciar o bom do mau livro e reconhecer o autor que vale a pena. Essa professora só se dedica a isso: a ser professora, a ensinar, a aperfeiçoar-se como professora. Essa professora, enfim, tem conhecimento, competência, segurança em seu trabalho e em si mesma suficientes para poder admitir a necessidade de continuar aprendendo, para ser criativa, para não ter medo de inovações e mudanças, para permitir que seus alunos pensem e façam perguntas, para ensinar sem submeter-se à escravidão de um único livro ou manual, para avaliar com flexibilidade e aceitar a própria avaliação.
Essa professora, senhor pai e senhora mãe, é uma pessoa que ganha um salário digno, tem uma formação profissional e tem, portanto, a possibilidade de desfrutar do privilegio de ser professora.
Vocês e seus filhos têm direito a essa professora. Cada professora tem direito de provar que pode ser essa professora. O dia em que pais de família e professores decidirem unir-se para lutar juntos por esse direito, não será necessário continuar imaginando… Nunca desistam, confiamos em vocês…
Parabéns e feliz Dia dos Professores,
Um grande beijo,
Rosa e Rosângela


Outubro de 2000
Para concluir esse início de conversa, quero dizer que, assim como cuidamos de planejar bem as situações didáticas da formação, de organizar o material do trabalho, de cuidar da aparência dos textos e das atividades que foram distribuídos para o grupo, de cumprir com os combinados – desde a pontualidade no início e final do trabalho, até a devolução das tarefas para os professores no tempo combinado–, nossa preocupação também esteve voltada para as relações com o grupo, tentando romper resistências e, antes disso, procurando compreendê-las como parte do processo. Talvez isso explique um pouco a satisfação que temos ao observar os avanços do grupo e também nosso crescimento como formadoras.
“Quando não há direitos, é preciso compreender suas razões. Pois isso é algo a que qualquer homem tem direito frente aos outros homens, mesmo que seja o pior de todos: tem direito – direito humano – a que alguém tente colocar-se em seu lugar e compreender o que ele faz e o que sente. Em suma, pôr-se no lugar do outro é levá-lo a sério, considerá-lo tão plenamente real como você mesmo.
Para entender totalmente o que o outro pode esperar de você não há outra maneira senão amá-lo um pouco, mesmo que seja amá-lo apenas porque também é humano.” (Fernando Savater)
Rosângela Veliago

Mobilizar a disponibilidade para a aprendizagem

… A paixão pelo novo saber, pelo conhecimento… A história dos poetas já diz: "a supremacia humana é a supremacia da paixão", que podemos aqui traduzir para o conhecimento, isto é, só sobreviverá quem tiver paixão por aprender.
As paixões humanas são um mistério, e com as crianças acontece a mesma coisa que com os adultos. Aqueles que se deixam levar por elas não podem explicá-las, e os que não as viveram não podem compreendê-las.20 Um dos principais responsáveis em disparar essa paixão é o professor: é ele quem deve "dar asas para seus alunos voarem", é ele quem deve apresentar uma relação criativa com o saber, é ele quem deve liderar a luta contra a "escravidão da ignorância" 21 é ele quem deve mostrar o prazer em descobrir novas cotas do mundo, em fazer leituras com novos significados.
Beatriz Bontempi Gouveia

“Qual é a disponibilidade interna dos professores em aceitar e responder aos imperativos dos programas de formação? Como ressaltaram os grandes renovadores da educação, Claparède e Dewey, já no início deste século, a necessidade e o interesse, são criados e suscitados na própria situação de ensino e aprendizagem.” 22
O fato de o processo de aprendizagem depender de uma mobilização cognitiva desencadeada pelo interesse coloca-nos um desafio: as ações dos programas de formação devem orientar-se no sentido de despertar a necessidade de saber dos professores. Não obstante, para esse interesse ser despertado é preciso garantir a funcionalidade das atividades e tarefas propostas, quer dizer, o professor precisa saber a finalidade que se persegue para as ações desenvolvidas, além de poder relacioná-las com o projeto geral em que está inserido. Por intermédio dessas condições citadas acima (funcionalidade e possibilidade de relação), o professor tem uma possibilidade maior de atribuir sentido e significado aos estudos e tarefas, aumentando sua disponibilidade para a aprendizagem.
Caso essas condições não sejam respeitadas, ou consideradas, a chance de o professor abandonar as atividades dos programas de formação é maior, uma vez que desconhece o propósito das ações desenvolvidas, não compreende e não pode se responsabilizar, assumindo a avaliação das tarefas. Afora o abandono, a outra possibilidade é continuar participando em função de alguma motivação extrínseca, como diferencial no salário, acúmulo de horas para uma licença futura, pontos que o diferenciam de outros. Considerar a necessidade e o interesse como fatores determinantes para o sucesso dos programas de formação significa considerar as biografias dos sujeitos aprendizes, suas crenças e concepções, para lançar questões e atividades pertinentes às suas necessidades específicas de conhecimento teórico e prático, despertando o desejo de ampliação do espectro de conhecimentos.
Nesta perspectiva, a questão está centralizada em como despertar a necessidade de saber, como conduzir os professores a assumir, de forma mais efetiva, uma postura de estudo e reflexão, buscando um compasso mais afinado entre suas ações práticas e os aportes teóricos, providenciando situações para que sua própria aprendizagem e a de seus alunos aconteçam a contento, procurando fazer da dificuldade alento.
[…] Gostaria de destacar o objetivo que me parece o mais desafiador e pretensioso: procurar formas de mobilizar o interesse das professoras pelo conhecimento… para que possam vê-lo não apenas como necessário, mas também – e principalmente – como fonte de prazer. A idéia é que sejam arrebatadas pelo conhecimento. Em outras palavras, temos de despertar o desejo de ser melhor e o desejo cultural. Não há fórmulas nem milagres, é um conjunto de aspectos que são articulados na tentativa de mexer com a libido, com o desejo de avançar e aprimorar.
Beatriz Bontempi Gouveia

Às vezes, percebo que não existe para o professor o alimento diário que poderia ser dado pelos coordenadores pedagógicos das escolas que, ou não existem, ou não conseguem de fato assumir o papel de parceiros experientes.
Ariana Rocha

No estudo dos Parâmetros Curriculares Nacionais, com o objetivo de refletir sobre a questão da cidadania como dinâmica inicial, eu e Geovana, parceira na coordenação do grupo, distribuímos para as professoras várias tirinhas de papel descrevendo situações sobre a vivência da cidadania, para que as professoras se posicionassem a respeito:
• Ao passar na roleta do ônibus, você paga a passagem, mas o cobrador alega não ter o troco correspondente – R$ 0,10 (dez centavos), como você reage?
• Seu filho ficou com média 8,0 (oito) na escola, referente ao aproveitamento em Língua Portuguesa. Por um erro da professora foi lançado apenas 7,0 (sete) e a Secretaria já registrou a nota na pasta. Como fica a questão? • No posto de saúde, você presencia uma cena em que uma senhora é malatendida por uma funcionária. Você assiste e pensa/fala o que sobre isso? À medida que as professoras que tinham recebido as tirinhas liam, afirmavam, em sua maioria, que preferiam deixar a situação como se apresentava, geralmente porque conheciam experiências em que as pessoas envolvidas se deram muito mal – poucas se manifestaram no sentido de questionar os fatos postos, isto é, produzir uma reação diante desses acontecimentos.
Na parte seguinte do trabalho, nós lemos o livro de literatura infantil Raul da ferrugem azul, de Ruth Rocha, que evidencia um tipo de exercício da cidadania, na medida em que o personagem central, o menino Raul, apresenta um problema por causa de sua omissão diante de situações semelhantes às descritas nas tirinhas, e que, quando começa a enfrentá-las, algumas saídas vão se apresentando.
Durante a leitura, percebemos que as professoras, com algumas exceções, ouviam a história com muita atenção, demonstrando bastante interesse. Fizemos um rápido debate sobre a temática abordada; as professoras pegaram no livro, solicitaram o seu empréstimo, fizeram comentários, entusiasmadas, a respeito.
Entretanto, duas delas afirmaram que o livro era antigo e que já o conheciam, além do que "não deu pra acompanhar porque a leitura foi muito longa".(sic)
Nesse momento, Geovana me olha solidária, um olhar de força e ajuda.
Quem trabalha com formação sabe o desafio que um momento como esse representa – uma explícita declaração da resistência docente à leitura, ao estudo, uma forma quase silenciosa de dizer "me deixem trabalhar como eu sei, do jeito que há dez, quinze anos eu venho fazendo…" Por um breve tempo, após a fala daquela professora, mentalmente ausentei-me dali, procurava entender a lógica que sustenta posições como essa: a recusa em se atualizar, a persistência em ensinar hoje da mesma forma como se ensinava há dez, quinze anos, como se a realidade estivesse congelada, como se as crianças de 1985 fossem as mesmas de 2000…
Foram várias as lições aprendidas naquele dia – desde a tolerância, quando alguém não quer saber de nossas boas intenções como formadora, até a constatação de que as mudanças são possíveis… E eu me perguntava: por que as coisas não podem acontecer de forma mais rápida? Por que não?
Na verdade, penso que as mudanças estão de fato acontecendo. Talvez este seja mais um ponto que mereça atenção por parte do olhar atento de nós, formadores – até porque é difícil desenvolver um trabalho de formação com o objetivo de contribuir para a ampliação da competência docente e não ver ao menos pistas de que as práticas estão sendo revistas… Isso pode levar ao desânimo de quem está à frente do trabalho.
A reflexão que fazemos com as professoras sobre a prática pedagógica me faz ver de forma mais clara que as mudanças estão acontecendo: o trabalho com a temática da cidadania, por exemplo, vem tendo conseqüências que se podem observar nas mais variadas e inusitadas situações no interior da escola.
Compartilhar a angústia das professoras diante da difícil tarefa colocada hoje à escola – a formação de valores –, quando em suas afirmações dizem que "é mais fácil ensinar adição do que ensinar alguém a ser justo e a ser bom", é enriquecedor, sobretudo quando sabemos que não temos resposta para tudo, mas que estamos buscando algumas… Identifico como entrave principal nesse trabalho – o que é até paradoxal – aquele tipo de posição quase que cristalizada da realidade: o imobilismo – a certeza de que as tarefas colocadas, o que se tem a fazer, é papel do outro, do diretor, dos pais, do psicólogo, da supervisora…
Ainda há muito que caminhar. E aí se verifica o tamanho do trabalho e da sensibilidade que nós, formadores, precisamos ter, para ler permanentemente a realidade posta: a oralidade sempre tão excelente das professoras (que, no entanto, às vezes se transforma em mecanismo para esconder suas dificuldades relacionadas à produção escrita); a freqüente recusa a ler no grupão (receio da exposição dos erros, pronúncias incorretas, pouca fluência…); as queixas intermináveis acerca dos problemas da escola. E, quando percebemos, o tempo de estudo já acabou.
Penso, que o grande aprendizado, num trabalho coletivo de formação desta natureza, é a esperança, a mesma em que acreditava o personagem de Guimarães Rosa, Riobaldo – de que "a gente de repente aprende"!
Josélia Neves
Fonte: MEC. Ministério da Educação. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores - PROFA. Guia de Orientações Metodológicas Gerais. 2001. p. 85 a 93 .

20 comentários:

  1. Alfabetizar os alunos em um ano foi uma meta que traçamos, e com isso vieram as propostas de trabalho para o nosso projeto “Expertise em alfabetização”. Dentre as propostas nós temos o encontro mensal que segue uma pauta planejada e discutida no grupo, um dos pontos abordado no texto lido com ações de superação.
    O texto mostra que o grupo de trabalho inverteu a pauta para atingir os itens considerados importantes, demonstrando que o planejamento é flexível e que o necessário não é somente cumprir a pauta, mas intervir no trabalho do professor.
    Outra ação importante foi avaliar a pauta junto com os professores e que resultou em alterações para trabalhar, da melhor forma possível, as estratégias metodológicas. Esta ação revela uma forma de diálogo entre formador e professor.
    Assim como o grupo estabeleceu um tipo de vinculo entre formador e professor, eu e Valéria Fernandes realizamos assessoramentos ás escolas para intervir nos instrumentos avaliativos utilizados para trabalhar com os alunos.
    Com isso, estabelecemos vinculo com os professores e intervimos nas estratégias didáticas para atingir o nosso objetivo de alfabetizar os alunos em um ano.

    ResponderExcluir
  2. O texto nos traz reflexões importantes acerca da pauta de trabalho do formador no sentido se alcançar o alvo almejado. Também nos alerta que assim como as reflexões sobre a prática e aquisição de novos conhecimentos são relevantes para a construção de competências, o estabelecimento de vínculo com os professores são condições de igual importância. Isso me remete a nossa proposta de trabalho no projeto “Expertise em Alfabetização” quando se traçou metas de alfabetizar os alunos em um ano. Hoje, lendo o texto, percebo claramente que sem a construção de desse vínculo será bem difícil o alcance de nosso objetivo. Neste sentido, a estratégia de ação adotada por mim e minha parceira de trabalho vêm sendo de conquista, de cumplicidade, confiança e amizade com nossos professores, deixando claros a eles que nossa empreitada é única, o sucesso deles é o nosso sucesso, e o nosso sucesso é o sucesso deles. Desse modo, acredito que aos poucos estamos conseguindo construir esse vínculo, ancorado no respeito e valorização do trabalho do professor acrescido de uma sugestão, reflexão, intervenção se for o caso, sugestões e outros conforme a necessidade e a realidade formativa de cada professor.

    ResponderExcluir
  3. Sobre o texto "Necessidade de replanejar a pauta de trabalho" foi interessante, mas pessoalmente não gostei dos comentários das professoras quando ao relatarem as mudanças ou pautas de trabalho.
    Particularmente não compartilho com a idéia de inverter, ter uma pauta longa ou se fazer várias adaptações, acho que no fim acaba se perdendo o enredo original do texto, a idéia principal planejada...
    Por favor não me entendam aqui que sou contra as flexibilidades, muito pelo contrário creio que elas podem acontecer mas que isso não se torne uma constante em suas salas de aula ou encontros, ou seja, é aquela famosa estória, fazer da "exceção virar uma regra".
    Ainda sobre o texto há que se efetivar as aprendizagens, as cumplicidades e as intimidades como bem disse a Profª Viviane Canecchio.
    Outro ponto bem interessante que achei foram as intervenções por escrito da professora em forma de cartinha (achei bem pessoal e curioso a forma como a formadora Rosangela se endereça a professora Helena com as preocupaçoes por ela ter faltado as formações, bem como a preocupação da mesma com os alunos, se eles já tinham aprendido, se já tinham avançado, etc)
    Acho que nesse ponto se compara com nossas devolutivas que fazemos com os professores que assessoramos semelhantes as daqui do Gb.
    Por fim fecho meu comentário com o brilhante escrito da Bia Gouveia intitulado Mobilizar a disponibilidade para a aprendizagem. Torna-se urgente que mobilizemnos para aprendizagem das nossa crianças... Penso que este seja a nossa grande meta para 2009.

    ResponderExcluir
  4. Continuando meu comentário eu e meu parceiro de equipe estabelecemos os vínculos de aprendizagem com nossos professores de forma bem clara e objetiva: avançamos muito na questão de ganhar a confiança, estabelecemos uma cumplicidade e somos sensíveis a escuta sensível, de forma que as vezes talvez nos falte falar mais claro e sermos franco com eles quando queremos propor mudanças ou apontar falhas e erros.
    Creio que por vezes temos que perder nosso melindres e falarmos abertamente, para dessa forma conseguirmos mobiliza-los e mostrarmos os caminhos do sucesso com aprendizagem.

    ResponderExcluir
  5. Boas reflexões, Izabel nos faz pensar sobre a pauta que dialoga com o professor, Socorro comenta sobre a necessidade de estabelecer vínculo, Renato: gostei da autocrítica, assim q a gente cresce, concordo que a pauta deve ser bem planejada,pode ser flexível, sim, mas mudar demais pode revelar a insegurança do formador para enfrentar determinado ponto. Como conversávamos hj temos que exercer a função materna e paterna, ambas são importantes para a estruturação humana.
    Destaco que vcs três demonstram dialogar com o colega da dupla de formação. Importante isso, creio que essa prática deve ser fortalecida. Abs

    ResponderExcluir
  6. Acredito que na prática pedagógica devemos estar sempre buscando soluções as quais possam propiciar uma melhor aprendizagem aos nossos alunos.
    Sendo que muitas das vezes para se atingir um melhor andamento em nossas ações temos sim, que rever encaminhamentos, sermos flexíveis, adequando determinada situação a realidade, com o intuito de garantir êxito em nosso propósito como pessoa,como professor e formador.
    No entanto isso deve acontecer sempre com responsabilidade, organização e com objetivos pré-definidos, é por isso que muitas vezes temos mesmo que seguir uma pauta já definida para que assim todos possam estar seguindo a mesma pauta, já que pertencemos a uma equipe e por isso sempre que possível temos que falar a mesma linguagem.
    Acredito também que devemos sempre procurar estabelecer vínculo com nossos parceiros, com nossos alunos e com as escolas, para que assim o comprometimento e o envolvimento realmente aconteça, e com isso garantirmos mais sucesso nas aprendizagens das crianças.
    Abraços a todos.

    ResponderExcluir
  7. Toda ação de formação deve partir de um planejamento, e como sabemos deve conter seus objetivos para que possamos alcançar os resultados desejados, e nesse aspecto não abro mão de uma boa organização. Concordo com a Lorena quando diz que mexer muito em uma pauta acaba demonstrando a insegurança e isso não é bom. Comentários a parte, as vezes acho que vou além da organização chegando inclusive a cronometrar cada assunto da pauta que vamos apresentar, mas com certeza não atrapalha nossa formação pelo contrário ajuda bastante.
    Todo esse esforço de planejamento, de pauta, de estudo, de formação com certeza não terá grandes resultados se não for criado os vínculos afetivos comentados pela Socorro Cabral. Considero esse vínculo fundamental para que possamos conquistar o respeito e a confiança dos professores e professoras, e isso já é visível nas escolas, o corpo docente, a equipe técnica e a direção já tem um olhar diferente sobre o nosso trabalho em relação a outras equipes, bem que poderia ser um padrão, mas como em toda a regra tem uma exceção, enfim...
    Mas isso não chega a ser motivo de tanto orgulho para mim, é motivo da necessidade de cada vez mais termos responsabilidade e seriedade no nosso trabalho de formação.

    ResponderExcluir
  8. Caros colegas, irei suscitar algumas reflexões a partir da leitura do texto que ao meu vê perpassa pelo movimento real que eu e minha parceira estamos vivenciando no terceiro ano de formação (2007-2008 e 2009). Primeiro acreditamos que o vínculo pode ser estabelecido desde o primeiro contato com o professor retomando as atividades do projeto, conhecendo os novos integrantes durante sua apresentação citando seus objetivos e as metas a serem alcançadas. Lembrando que este projeto não é da Secretaria mais da escola e do educador, em especial, visto que este representa a trajetória, o trabalho, o empenho, o envolvimento, a garra, o desafio, o compromisso, a paixão de cada um de nós, ou seja, somos partícipes do que conseguimos obter como resultado final do desempenho das crianças por isso a relevância de estabelecer vínculo. Queremos nos tornar um grupo que unidos em beneficio comum podemos melhorar a educação de nossas crianças. Segundo, superamos o problema com a avaliação porque enfrentamos este desafio já desde o primeiro ano de formação conseguindo que a escola compreendesse a avaliação como diz Grossi ser a espinha vertical de toda trabalho docente já que os resultados obtidos demandam ação e investimento no planejar do professor visando minimizar as dificuldades dos alunos. Quando sentimento necessidade de resolver este problema fazíamos além de uma escuta refinando com o professor(a) objetivando extrair a raiz do problema em questão, entramos na sala de aula e mostramos-lhes como queríamos que ele conduzisse o processo (elaborar um instrumento capaz de avaliar a escrita do aluno, não pode ser cópia nem atividade de ligar haja visto que queremos saber como o aluno fórmula sua hipótese de escrita, cuidado para não falar as letras para a criança escrever, é preciso esperar o tempo da criança de pensar sobre a hipótese de escrita). É verdade que aprendemos com esse trabalho e, como bem pontua o texto, enfrentamos resistência das mais várias formas com mais intensidade a silenciosa, aquele que não aceita, dúvida mais se cala uma vez ou outra alguém fala e, então, sabemos que ali mora o incomoda, a dúvida. Então, exercitamos a tolerância, o ouvir esperando o momento de construir o que ainda não havia sido construído. Ademais termino essa reflexão com as frase de Guimarães Rosa, Riobaldo-de que “a gente de repente aprende”!. O exercício é a persistência, a convicção, estabelecer a relação teoria-prática e não se descuidar de estudo sempre.

    ResponderExcluir
  9. Noooossa Vânia vou escrever so estas poucas linhas pra dizer que me emocionei muito com o que escrevestes, bem verdadeiro e sensivel.
    Como se não bastasse ainda terminastes com aquela frase do Riobaldo(in Guimarães Rosa)....
    Supreendente!!
    Adorei mesmo.
    Receba meus parabéns por sua tão comovente reflexão.
    bjos a vc.

    ResponderExcluir
  10. Obrigada Renato,
    Que bom que esteve revisitando o blog e lendo os comentários dos colegas. Isto prova a relevância de nossa comunicação online baseado na reflexão e servindo de elementos para a prática do formador. Abraço Vania

    ResponderExcluir
  11. Situações inusitadas podem surgir durante o encontro e termos que inverter a pauta ou tomar outra resolução para os encaminhamentos dos trabalhos isto pela necessidade de nos aproximar do grupo e ganhar sua confiança sem perder o foco do trabalho proposto. Ouvir o grupo é fundamental para o estabelecimento de vínculos que nos aproximam, quer seja nos encontros, quer seja nas salas de aula. Realizando a avaliação de algumas turmas, fazendo com que eles percebam o encaminhamento do processo, indicando mudanças a serem feitas.

    ResponderExcluir
  12. Comprometimento e envolvimento é o que se vê na fala de Izafira. Adorei o cronometrando, Mauro, ri muito, pq tb faço isso. Vania: comovente, com bem destacou Renato. Maricilda: sua fala é só movimento, lindo. Essa é a voz de quem faz formação na SEMEC!

    ResponderExcluir
  13. Toda ação remete a uma reflexão, este é um movimento contínuo, se a reflexão não estiver presente torna-se um movimento mecânico e reproutivo, no sentido do copiar, do fazer por que alguém determinou. Em nosso trabalho temos nos deparado com muitas situações que nos fazem replanejar, ou adequar nossas orientações e encaminhamentos. Porém não deixamos de ter como foco principal a aprendizagem dos alunos. Muitas situações nos deixam "frustradas" por nos depararmos com práticas "mecanicistas" em que tolhem o potencial de criação dos alunos, mas temos que ser cautelosas para trabalhar o repensar do professor sem afetar sua auto-estima e assim também estabelecer o vínculo afetivo de cumplicidade tão importante para o nosso trabalho compartilhado.

    ResponderExcluir
  14. Um dos desafios da formação de professores é o de fazer compreender qual é o papel do formador e sua importância nesse processo de formação. Desmistificar a imagem daquele que vai à escola para fiscalizar o trabalho do professor e penalizá-lo pelas não aprendizagens é uma tarefa difícil mas, importante de ser realizada, objetivando construir relações de parcerias e de aprendizagens mútuas.
    O formador deve ser capaz de “ajudá-los a olhar o aluno como alguém potencialmente capaz de aprender, de sentir-se desafiado”; sendo que, este é um ponto crucial da formação do educador, e o formador deve ser capaz de olhar o educador como alguém que esta ali para aprender, mas que também tem muito a ensinar. Estabelecer vínculos afetivos, de comprometimento com o outro, é sentir-se responsável e fazê-lo sentir-se responsável por seus educandos, pelo seu desenvolvimento, pelo seu crescimento e pelas suas aprendizagens.
    Exercer o papel de formador não implica ter respostas prontas. Assim como ao professor não cabe dar respostas ao seu alunos e sim fazê-los construir suas respostas, suas certezas, agindo de forma problematizadora, dando oportunidades para que todos possam colocar seus pontos de vistas, exercitando a escuta afinada, reflexiva e questionadora.
    Como bem coloca o texto, o maior desafio do formador é o de “procurar formas de mobilizar o interesse das professoras pelo conhecimento… para que possam vê-lo não apenas como necessário, mas também – e principalmente – como fonte de prazer... temos de despertar o desejo de ser melhor e o desejo cultural, ...com o desejo de avançar e aprimorar”.
    Sempre que estou envolvida com esse processo de formação continuada, sinto cada vez mais a necessidade de mobilizar e motivar os professores para que, mesmo diante das questões que colocam como entraves e como impedimentos ao seu bom desempenho, possam buscar ampliar seus conhecimentos e se sentirem agentes transformadores dessa sociedade e da comunidade na qual atuam. Essa mudança perpassa pela formação do professor e, conseqüentemente, pela boa formação do aluno. Essa mudança se da na reflexão sobre a pratica e na transformação da prática, levando à prática o discurso formado. Esse processo de mobilização e motivação ainda sinto que está fragilizado, pois, vemos o reflexo nas salas de aula dos professores. Saem das formações com gás, energia e, ao entrarem na escola, na sua sala, muitos se voltam para o que estavam fazendo sem colocar em prática as questões discutidas em formação.

    ResponderExcluir
  15. Ser formador é desejar que o outro aprenda, reflita na sua própria atuação de vida e atue de forma a promover o crescimento do outro. Durante meus estudos de psicologia, tão grande, muitas vezes minha angústia em relação ao ser humano, por compreender que ele necessita tanto do outro e não se dar conta disso, essa tarefa não é fácil para o psicólogo, fazer o outro perceber que o mesmo cresce a todo instante, e deve crescer para melhor. O formador é um pouco disso, e como disse Vitor Paro, a formação deve garantir a percepção do professor enquanto profissional atuante e responsável pela aprendizagem. Acredito que eu aprendo todos os dias a ser formadora, com meus alunos, com meus professores e principalmente com minhas formadoras, procurando sempre extrair o que de bom todos os meus colegas formadores socializam. Nunca um formador está pronto, ele está sempre em construção e o resultado de sua atuação é sempre a mudança de atitude do seu objeto de formação. Creio e acretito nisso, caso contrário, quem não acredita, não pode ser formador.

    ResponderExcluir
  16. Responder às duas questões propostas nos leva ao campo da inteligência emocional, tão necessária aos educadores. Como o texto nos revela: “Depoimentos mostram que as atitudes do formador muitas vezes são mais formativas do que os próprios conteúdos abordados durante os trabalhos (...)”.
    A cada encontro e assessoramento temos o desafio de alimentar o vínculo com nossos parceiros, sem deixar de provocar ou refletir sobre situações problemas do ensino-aprendizagem. É tocante ler os depoimentos dos colegas do Grupo Base, por explicitar o envolvimento que todos têm em relação ao compromisso com uma educação pública digna para qualquer brasileiro.
    Por fim, faço minhas as palavras de Savater, “o vínculo de respeito para com os outros humanos é o mais precioso do mundo para mim” .

    ResponderExcluir
  17. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  18. Acredito que qualquer planejamento é passível de mudanças, ou seja, flexível. Nos encontros é muito comum surgirem discussões que levam a pauta sofrer algumas mudanças, porém nunca na sua essência. As pautas são tão bem pensadas, que seria um erro trabalhá-la pela metade ou até mesmo não segui-la. Algumas vezes surgem situações em que temos que acrescentá-la e vejo isso com bons olhos, pois senão não seríamos flexíveis. Como trabalhamos com seres pensantes que tem opiniões diferentes, temos uma gama de conhecimento que quer se fazer presente, então não posso deixar de privilegiar alguma idéia, penso que assim as discussões ficam mais ricas. Adaptações na pauta creio ser possível, pois assim podemos mostrar aos professores, que é dado a eles importância e que o nosso objetivo nas formações é trabalhar com o que sabemos, mas também com o conhecimento desses profissionais. Isso estabelece vínculos, Savater nos diz “Como sabemos, as relações humanas são complexas. Nelas se configuram emoções, sentimentos, crenças que modelam – e muitas vezes impedem – que sejam estabelecidos vínculos afetivos reais, em que o outro não é mais um, mas alguém que me diz respeito, com o qual preciso comprometer-me sentindo-me de certa forma responsável por ele”. E o trabalho com formação de professore e comprometer-se não somente com eles, mas principalmente o como eles irão fazer com que seus alunos aprendam.

    ResponderExcluir
  19. A elaboração/construção da pauta de trabalho é um encaminhamento metodológico sério que precisa levar em conta a necessidade identificada junto aos professores e/ou junto aos objetivos que se pretende alcançar em relação às aprendizagens dos alunos. A necessidade de replanejar a pauta advêm conforme a avaliação que deve ser realizada durante os encontros de formação. Em alguns momentos, torna-se necessário reelaborar a pauta para se atingir objetivos ainda não plenamente alcançados com as pautas postas em prática.
    Valéria Risuenho

    ResponderExcluir
  20. Penso que o planejamento é um instrumento essencial na vida de qualquer pessoa, mesmo que este não esteja transcrito em nenhum papel. No que se refere ao planejamento escolar, este sim deve estar pontuado para ser seguido, no entanto, não o considero como uma camisa de força, é preciso que se tenha capacidade de modificá-lo quendo as situações se apresentam, uma vez que que esamos sempre lidando com situações problemas. Muitas vezes ja elaborei um belo planejamento, porém, não foi possivel colocá-lo em prática, pois que surgiram situações advinda dos alunos que me permitiram refazer quase que na totalidade o que havia estabelecido anteriormente, e digo assim de passagem o resultado foi bem significativo, não estou com isto estimulando a ninguém a todo momento deixar de lado uma estratégia de trabalho, principalmente que se trata de aprendizagem, é necessáio se ter clareza se os objetivos propostos traram os resultados esperados.

    ResponderExcluir